A recente visita do presidente do México, Enrique Peña Nieto, ao Uruguai, agilizou o caminho para negociar a entrada de cortes ovinos com osso e a embaixada uruguaia nesse país “está apresentando todos os antecedentes às novas autoridades sanitárias”, disse o embaixador Rodolfo Camarosano. As negociações incluem reuniões com o encarregado do Departamento Comercial do Ministério de Economia do México.
“Estamos vendo como podemos ter acesso ao mercado, principalmente com french rack de cordeiro (costelas com lombo)”, disse Camarosano. “Quanto à modalidade de consumo, seria o corte que no México teria maior impacto, porque não há modalidade de consumo de carne ovina desossada. Não é como a carne bovina que (o Uruguai) entra com diferentes cortes”.
Grande parte dos dados para avançar na análise de risco – que mediria o risco hipotético que poderia produzir a entrada do produto – já foi enviada ao Ministério de Pecuária, Agricultura e Pesca.
O embaixador uruguaio no México disse que o mercado mexicano para carne ovina “está um pouco difícil hoje, devido à competição com Austrália e Estados Unidos e basicamente pela diferença de preços”, mas ainda assim, disse que “há possibilidades para o Uruguai”. Abrir o mercado é contar com uma possibilidade a mais para vender e hoje, o que o setor ovino precisa é de destinos para entrar com cortes com osso”.
“Não há dúvidas de que está faltando mercado para poder colocar cortes ovinos com osso”, disse o vice-presidente do Frigorífico San Jacinto, Gastón Scayola. Desse setor, o país depende muito do Brasil e dos vaivéns do dólar, bem como da competição feroz entre os gigantes brasileiros de carne. “É necessária outra saída para o ovino com osso”.
Além do Brasil, o Uruguai também exporta cortes com osso para Arábia Saudita, mas “é um mercado que às vezes está, outras não”, disse Scayola. Porém, o que teve bastante êxito foi a geração de nichos para entrar com ovinos com osso na China, forte comprador de assados, ainda que haja empresas como San Jacinto vendendo cortes mais caros. “O problema é que nesse mercado temos um fator contra, que é a proximidade da Austrália e da Nova Zelândia, que além disso, têm custos menores”.
No entanto, nos países da Federação Russa, os frigoríficos uruguaios seguem fazendo um trabalho de formiga. Nesses dias, estão fazendo uma degustação com carnes uruguaias em Moscou que incluem costeletas ovinas, mas não há negócios fluindo com o produto nesse mercado.
“O impacto mais forte ocorreria se conseguíssemos abrir o mercado de Israel e da União Europeia (UE) para cortes com osso. Israel seria mais fácil e nesse país se consome muitos dianteiros”, disse Scayola.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
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