Há vários anos o Uruguai vem tentando exportar cortes ovinos com osso a esses mercados, mas, apesar do avanço sanitário na luta contra a febre aftosa, esses mercados permanecem fechados. Agora, amparado no Código Sanitário da OIE, a Direção Geral de Serviços Pecuários começa a desenvolver o conceito de “isolamento” (compartimento), onde, por meio de uma identificação individual dos animais – garantindo rastreabilidade – pode-se certificar que os animais não causarão nenhum risco hipotético sanitário quando forem transformados em cortes com osso e entrarem no velho continente.
“Foi formado um grupo de trabalho no qual, além dos técnicos do MGAP, também participa o setor privado”, disse o diretor do Serviços Pecuários, Francisco Muzio. Nesse sentido, avançam as conversações com o Secretariado Uruguaio de la Lana (SUL), pois, segundo Muzio, é a instituição que tem as exigências para desenvolver um compartimento ovino; em paralelo, já começaram os estudos econômicos para colocar em marcha essa nova ferramenta.
“Dos diferenciais que existem nos mercados é que pode sair a dimensão e o número de animais que tem que ter esse isolamento para ser viável economicamente”, disse Muzio. Ele considerou que colocar em marcha o isolamento de referência “é um trabalho de médio prazo”. Até o momento, nenhum país do mundo colocou em marcha esse sistema de isolamento, mas está contemplado no Código Sanitário da OIE, órgão internacional cujas normas sanitárias são referendadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
Além do grupo de trabalho, o MGAP deu outro passo importante para cumprir com a meta e demonstrar de uma vez por todas que a carne ovina com osso não oferece nenhum risco sanitário, nem à União Europeia (UE), nem a outros potenciais mercados. “Estamos em contato com o presidente da Comissão de Código da OIE para afinar os detalhes sobre o isolamento de ovinos, que ainda não se sabe onde estará localizado”.
Entre os requisitos, esse curral de isolamento tem que albergar animais (ovinos) que não estejam vacinados contra a febre aftosa e isso não seria problema, porque no Uruguai, os ovinos não são vacinados contra essa doença. No entanto, esses animais não podem ter contato com bovinos vacinados e deverão cumprir uma série de exigências em biossegurança.
Nesse sentido, Muzio preferiu não adiantar os detalhes, nem os requerimentos do isolamento, mas mostrou muita confiança em alcançar a meta de entrar com cortes ovinos com osso na UE. Por mais que hoje a OIE reconheça o Uruguai como país livre de febre aftosa com vacinação e, para isso, deva-se apresentar provas científicas de que não existe circulação de vírus que cause a doença, há poucos destinos que admitem ovinos com osso.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
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