Levantamento concluído ontem pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) aponta que as entregas das misturadoras às revendas espalhadas pelo país alcançaram 3,4 milhões de toneladas em setembro, 11% mais que no mesmo mês de 2010, e somaram 20,5 milhões de toneladas nos três primeiros trimestres, 23% acima do volume registrado em igual intervalo do ano passado.
Como as compras resistem em arrefecer, simplesmente afirmar que um novo recorde histórico será quebrado até dezembro já pode ser considerado "chover no molhado". As duas maiores marcas registradas até agora (24,6 milhões de toneladas em 2007 e 24,5 milhões em 2010) já estão muito próximas, e a questão agora é saber se as entregas chegarão ou não a 27 milhões de toneladas.
David Roquetti Filho, diretor-executivo da Anda, reitera que a entidade não faz previsões - companhias com ações negociadas em bolsa como Vale e Heringer fazem parte da entidade -, mas lembra que a RC Consultores há meses prevê as entregas anuais em 26 milhões de toneladas.
Essa forte demanda tem sido atendida sobretudo por nutrientes importados, cuja participação no mercado cresceu em relação à média normal, que oscila entre 60% e 65% das entregas. No mês passado, as importações de fertilizantes intermediários atingiram 2 milhões de toneladas, 11,3% mais que em setembro de 2010, e já alcançam quase 15 milhões de toneladas no ano, ou 73% das entregas. Ainda que os estoques, que diminuíram diante do consumo aquecido, distorçam essa relação, a tendência é de avanço da fatia das importações nas entregas totais.
Roquetti Filho lembra, contudo, que a dependência deverá diminuir nos próximos anos em razão dos investimentos que estão em curso no Brasil. Em evento realizado em julho em São Paulo, a indústria previu aportes de US$ 13 bilhões até a safra 2015/16 na expansão da capacidade nacional de produção de matérias-primas, fertilizantes intermediários e produtos finais - estes últimos fabricados pelas misturadoras. Em todo o mundo, a estimativa é de investimentos de US$ 88 bilhões nas mesmas frentes.
Se forem confirmados os aportes, liderados pela Vale, a perspectiva é que 4,1 milhões de toneladas por ano a mais sejam produzidas no Brasil nas áreas de fertilizantes derivados de nitrogênio, fosfato e potássio. No caso dos nitrogenados, a fatia dos importados passaria de 78%, em 2010, para 32% em 2016; nos fosfatados, cairia de 49% para 12%, enquanto nos potássicos baixaria de 91% para 87%.
As informações são do jornal Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
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