Os últimos dados da Agência de Laboratórios de Veterinária e Saúde Animal (AHVLA) mostraram que a infecção com o vírus foi identificada em 83 fazendas na Inglaterra. Casos positivos foram identificados recentemente na Ilha de Wight e em Cornwall, Wiltshire, West Berkshire e South Gloucestershire. Isso além dos casos identificados no leste e sul da Inglaterra, em Norfolk, Suffolk, Essex, Kent, Leste e Oeste de Sussex, Hertfordshire, Surrey e Hampshire.
A maioria dos casos, 78, foi encontrada em ovinos, com cinco casos positivos em bovinos e nenhum até agora em outras espécies. O número real de fazendas infectadas nessas áreas provavelmente será muito maior, à medida que a doença, que não é notificável, pode estar sendo reportada em níveis mais baixos do que realmente ocorre.
O professor de patologia veterinária da Universidade de Liverpool, Malcolm Bennett, disse que o vírus, que causa deformidades e natimortos em cordeiros e bezerros, está intimamente relacionado a um grupo de vírus que causa uma doença similar em bovinos e ovinos, principalmente no Oriente Distante e em algumas áreas do Oriente Médio e da África.
"Esses vírus são disseminados por insetos, em particular, mosquitos. A distribuição de fazendas afetadas na costa sul da Inglaterra e o fato de nenhuma dessas fazendas terem importado nenhum ovino sugerem que o vírus foi provavelmente introduzido através de mosquitos que vieram através do Canal da Mancha no último outono".
Bennett, que é especialista em zoonoses em doenças emergentes, disse que a doença da língua azul, a última doença viral transmitida por mosquitos introduzida no Reino Unido do continente europeu, foi mais fácil de lidar porque se sabia mais sobre ela e havia vacina disponível. "Nesse caso, estamos ainda aprendendo sobre o vírus e, como ele é novo, levará tempo antes de a vacina ser desenvolvida. E, é claro, controlar o movimento dos mosquitos é muito difícil".
Ele disse que a verdadeira extensão e severidade da doença somente apareceram à medida que se entrou no período de pico para parição de cordeiros.
"Os relatórios até agora sugerem que, nas fazendas afetadas, entre 10% e 50% dos cordeiros foram perdidos para a infecção e isso poderia facilmente arruinar uma indústria que somente começou a se recuperar após anos de problemas econômicos". Bennett disse também que levariam de três a quatro meses antes de se saber o efeito que isso poderia ter na indústria de bovinos, por causa do período mais longo de gestação.
Ele disse que era improvável que o vírus fosse um risco direto para a saúde pública, à medida que outros vírus no grupo não infectam pessoas. "Entretanto, os efeitos econômicos e sociais da doença aos produtores rurais cujos animais estão infectados ainda precisam ser avaliados".
A Agência de Padrões Alimentícios (FSA) está aconselhando o público que, baseado nas atuais evidências, "é improvável que haja qualquer risco aos consumidores através da cadeia de alimentos. Nenhuma doença foi reportada até agora em humanos expostos a animais infectados com o vírus Schmallenberg, que acredita-se ser transmitido por mosquitos. O Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) e a Agência de Proteção à Saúde (HPA) disseram que era improvável que o vírus causasse doenças em humanos", disse a FSA.
A reportagem é do www.farmersguardian.com, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
Envie seu comentário: