Muito ligado a Rodrigues, Wedekin alega motivos pessoais. No entanto, a sua saída já era esperada, pois, na condição de Secretário de Política Agrícola, ele vivenciou todo o desgaste entre o Ministério e os demais órgãos responsáveis pela liberação de crédito à agricultura.
O Secretário era defensor das chamadas "medidas estruturantes". Na ausência de Rodrigues, ficaria com seu espaço de atuação limitado e aumentariam as dificuldades para a concretização das ações ainda não implementadas.
Além de atuar na definição da política agrícola nos últimos anos, Wedekin teve papel importante na criação dos chamados novos títulos agropecuários. Esses papéis de investimento visam atrair os bancos ao sistema agrícola e elevar o crédito à agricultura. O seguro agrícola, embora ainda conte com recursos insuficientes, também foi ampliado durante sua gestão.
Os cinco títulos lançados em 2004 para dar maior liquidez à agricultura já movimentaram R$ 654 milhões. Com destaque para o Certificado de Depósito Agropecuário (CDA) e o "Warrant" Agropecuário (WA), que lideram com R$ 367 milhões, com maior concentração de negócios nos setores de soja e de café, de acordo com reportagem de Mauro Zafalon, para a Folha de São Paulo (6/7).
Outra ação de Wedekin foi demonstrar que a liberação dos créditos pedidos, no ano passado, ainda no início da crise agrícola, estava sendo muito tardia frente às necessidades do setor.
O posto de Wedekin será ocupado por Edílson Guimarães, diretor de economia da Secretaria de Política Agrícola. Outra mudança no Ministério da Agricultura será a ida, para a Secretaria Executiva, de Luiz Gomes de Souza, engenheiro-agrônomo formado em Viçosa (MG), em 1968, que tem mestrado em planejamento do desenvolvimento rural na França. Gomes de Souza ocupará o lugar deixado pelo Ministro Guedes.
Apesar dos pedidos de apoio feitos pelo presidente Lula, a bancada ruralista do Congresso manifesta insatisfação com as mudanças no ministério. O deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS) disse estar surpreso com a saída de Wedekin. "É lamentável a saída do secretário porque ele é um grande técnico e conhecedor do assunto de agronegócio. A minha preocupação é que o novo ministro (Guedes Pinto) poderá politizar o ministério, já que ele sofre influência dos movimentos sociais", disse o parlamentar, citado em reportagem de Viviane Monteiro, publicada na Gazeta Mercantil de hoje.
De acordo com o parlamentar, "Ivan trabalhou na iniciativa privada e gosta de ver resultados, só que o governo tem prestigiado mais o Ministério do Desenvolvimento Agrário". Heinze lembrou também que, no ano passado, Roberto Rodrigues conseguiu obter um orçamento de apenas R$ 2,8 milhões. Neste ano, o ex-Ministro conseguiu uma verba de cerca de R$ 40 milhões, enquanto que o Ministério do Desenvolvimento Agrário terá recursos acima de R$ 500 milhões, ainda de acordo com a reportagem da Gazeta Mercantil.
Fonte: Equipe CaféPoint, com informações da Folha de São Paulo e da Gazeta Mercantil
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