A pesquisa pretendia conhecer quais eram os fatores ambientais que incidem na presença de até 36 ácidos graxos no leite de ovelha. Esse conjunto de ácidos possui qualidades benéficas para a saúde. O CLA, por exemplo, já demonstrou ter efeitos anti-cancerígenos e anti-hipertensivos em modelos experimentais animais. A ideia era saber os efeitos da variabilidade que incidem na presença dessas substâncias no leite para poder determinar as melhorias genéticas que podem ser realizadas no gado ovino leiteiro, de acordo com o coordenador do trabalho, Carlos Gonzalo. Esse conjunto de fatores atua como "ruído de fundo" para estabelecer as posteriores seleções genéticas.
Publicado na revista científica Journal of Dairy Science, o trabalho incluiu um estudo de 2.218 lactações de 1.109 exemplares, procedentes de 14 rebanhos de ovelhas Churras em Castilla y León. A Churra é uma raça autóctone da comunidade autônoma produtora de leite. Os pesquisadores controlaram cinco fatores de variabilidade: a composição do rebanho, o dia da amostra, a idade da ovelha, o momento de lactação e a estação do ano.
O fator registrado "mais importante", segundo Gonzalo, estava na estação. Na primavera, o leite de ovelha apresenta, segundo a pesquisa, entre 30% e 44% mais de concentração de CLA que em outras estações do ano.
"O efeito da estação está vinculado à alimentação, porque tanto na primavera como no verão, essa é baseada em pastagem". O CLA se forma no rúmen a partir do pasto ingerido pelos animais. "Essa circunstância demonstra a importância que tem a pastagem para a produção de leite das ovelhas".
Os outros fatores ambientais, segundo o estudo, também tem sua repercussão. O dia de amostragem se tornou, para os objetivos do trabalho, um fator importante. "Nem todos os dias são iguais, do mesmo modo que tampouco são a alimentação e o manejo que se realiza em cada momento", explicou Gonzalo. O estado de lactação e a idade da ovelha ofereceram resultados significativos sobre alguns ácidos graxos.
Por exemplo, através da coleta de dados se concluiu que quanto mais próximo está o período em que as ovelhas têm leite em suas mamas, mais gorda é (e, portanto, há mais presença de CLA). A composição do rebanho considerando as posteriores ações de melhoramento genético, era também importante, já que a maior variabilidade nos genes dos indivíduos que o compõem gera mais possibilidades de progresso.
A partir dessa informação, os pesquisadores começaram a realizar estimativas de parâmetros genéticos para saber se é possível que o CLA e outros ácidos graxos possam ser objeto de seleção. Os pesquisadores já possuem alguns dados preliminares.
As ovelhas produzem mais leite durante a primavera. Por ser um gado de caráter estacional, esse aumento do leite nessa estação produz um excesso de oferta no mercado, que prejudica os produtores. Dar saída a esse leite, especialmente através dos queijos, é um dos objetivos dos produtores.
A reportagem é do DiCYT, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
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