A demanda por alimentos e a remuneração pelo produto, que na maioria das vezes é baseada na quantidade ou características visuais requeridas pelo mercado, acarreta a despreocupação com a composição nutricional dos alimentos por quem os produz. No entanto, é evidente que o consumidor moderno tem se tornado cada vez mais exigente e preocupado em adquirir alimentos que possam contribuir para seu bem estar e até na prevenção de doenças, e isto tem acarretado mudanças mercadológicas.
A Associação Dietética da América incentiva o consumo de nutrientes através dos alimentos sempre que possível (HINTZE et al., 2001). A preocupação com a produção de alimentos devido ao crescimento da população mundial e a limitação da área cultivada tem acarretado destaque na produtividade por área em decorrência do melhoramento genético e técnicas de manejo e nutrição vegetal e animal. Porém, segundo Moraes (2008) as técnicas empregadas para aumentar a produção de alimentos não têm considerado com veemência o critério de composição nutricional.
As deficiências ocasionadas pela falta de ferro, iodo, selênio, vitamina A e zinco são atualmente as que causam maior preocupação em relação à saúde humana, principalmente nos países em desenvolvimento (MORAES, 2008)
Confirmado como causa das principais deficiências ocorrentes, os micronutrientes são os elementos mais comprometidos na composição dos alimentos. Fatores que podem afetar os teores dos micronutrientes no produto final são a quantidade e disponibilidade no solo e nas formulações de adubos, a aplicação de corretivos e o melhoramento genético voltado para produtividade, e em consequência dos baixos teores nos produtos de origem vegetal têm-se os baixos teores nos produtos de origem animal.
No caso do selênio, é observado que alguns países têm resolvido o problema de deficiência através da fertilização dos solos resultando em aumento dos teores de Se nos vegetais, e consequentemente, nos produtos de origem animal.
Desde 1984 o governo da Finlândia exige que o adubo para cereais contenha 16 g de Se.t-1 e para forragem 6 g de Se.t-1 e, foi comprovado que, o selenito no solo se transforma rapidamente em formas pouco assimiláveis pelas plantas, sendo que, tem-se o mesmo resultado com 1/10 na forma de selenato. Assim, empresas preparam uma solução de 1% de selenato de Na ou K para adição em formulações NPK de modo que levem ao solo cerca de 5 g de Se/ha (SELÊNIO, 2002).
No Brasil, Ferreira et al. (2002) encontraram baixos teores de selênio nos alimentos consumidos e atribuíram as variações observadas à concentração de selênio entre amostras do mesmo tipo de alimento, inclusive nos alimentos de origem animal à presença de Se em determinadas formulações fertilizantes e rações animais e o teor no solo como possibilidade de explicação.
Faria et al. (2009) encontrou teores deficientes de selênio em diferentes solos no Estado de São Paulo e verificaram que há possibilidade de aumentar os teores de selênio em plantas forrageiras através da fertilização dos solos com selenato de sódio. Conforme Fernando P. Cardoso (Presidente da Agrisus) em 1998, a Manah S.A. lançou fertilizantes para pastagem contendo selênio, todavia não conseguiu registro deste micronutriente junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), impedindo que fosse indicada a garantia do teor mínimo de selênio (SELÊNIO..., 2002).
O consumo de nutrientes através de alimentação pode estimular a diferenciação e valorização da produção agropecuária, todavia, a qualidade nutricional dos produtos de origem vegetal e animal depende da integração de diversas áreas relacionadas à saúde humana, produção animal e vegetal.
Referências bibliográficas
FARIA, L.A. Levantamento sobre Selênio em solos e plantas do Estado de São Paulo e sua aplicação em plantas forrageiras. 2009. 74 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2009.
FERREIRA, K.S. et al. Concentrações de selênio em alimentos consumidos no Brasil. Revista Panamericana de Salud Pública, Washington, v.11, n.3, p. 172-177, Mar: 2002.
HINTZE, K.J. et al. Areas with high concentrations of selenium in the soil and forage produce beef with enhanced concentrations of selenium. Journal of Agricultural and Food Chemistry., v. 49, p. 1062-1067, 2001.
MORAES, M.F. Relação entre nutrição de plantas, qualidade de produtos agrícolas e saúde humana. Informações Agronômicas, Piracicaba, n. 123, p. 21-23, set. 2008.
SELÊNIO Tradução condensada de "Fertilizer International", maio/jun 2002, por Fernando P. Cardoso. Disponível em:
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