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Marina e o agronegócio

Por Marcos Sawaya Jank
postado em 02/09/2014

9 comentários
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Marina Silva aproximou-se do agronegócio na última semana. Esteve numa importante feira do setor sucroenergético, jantou com 60 lideranças na sexta-feira e seus assessores vêm dialogando com pessoas-chave do setor.

Todos sabem que o agronegócio viveu momentos de atrito com Marina no período em que ela foi ministra do Meio Ambiente. Exemplos são os embates em tomo do Código Florestal e o zoneamento da soja transgênica, num momento em que produtores gaúchos plantaram variedades argentinas que ainda não haviam sido aprovadas no Brasil. Já se passaram dez anos. Desde então a Comissão Técnica de Biossegurança autorizou um amplo uso de sementes transgênicas no Brasil, a exemplo do que vem ocorrendo em quase todo o mundo. O novo Código Florestal virou lei em maio de 2012 e hoje há total consenso entre o agronegócio e a comunidade ambiental de que o desafio é implementar mais rapidamente o que foi definido.

Tendo participado de diversas conversas com Marina e seu grupo nos últimos cinco anos, permito-me fazer aqui uma análise das perspectivas dos temas do agronegócio à luz do seu programa de governo, recém-divulgado.

O programa reconhece a competência dos produtores brasileiros, os ganhos de produtividade alcançados, o fato de o País dispor da melhor tecnologia tropical do planeta e o papel salvador que o setor desempenhou na garantia do equilíbrio das contas externas. Em síntese, os principais destaques do programa são:

1) Políticas tradicionais - taxas de juros mais baixas para a agricultura; continuidade das políticas de aquisição de alimentos, preços mínimos e estoques reguladores; ampliação de programas de seguro rural, cobrindo riscos climáticos e de renda; reforço das estruturas de pesquisa e controle sanitário; acesso a mercados e maior integração dos produtores familiares nas cadeias produtivas; avanço no zoneamento agroecológico e melhorias na legislação trabalhista.

2) Acordos internacionais - ampliação dos acordos de comércio com os países mais relevantes para o agronegócio, independentemente do Mercosul.

3) Plano ABC - o Plano de Agricultura de Baixo Carbono ganhará prioridade, recebendo mais recursos para estimular o manejo e a recuperação de pastagens e áreas degradadas e buscar a meta de "desmatamento zero".

4) Governança dos ministérios da área - segundo o texto, no mundo inteiro o Ministério da Agricultura também cuida de questões fundiárias, de florestas e de pesca. "No Brasil temos quatro ministérios cuidando desses temas, disputando o mesmo orçamento e mesmo prestígio junto ao Palácio do Planalto, ao Legislativo, à mídia e à sociedade em geral. Ainda interferem no agronegócio mais uma dezena de ministérios e duas dezenas de agências correlatas. É preciso enxugar esse emaranhado de órgãos federais que engessam as ações para o setor rural".

5) Política energética - o diagnóstico e as diretrizes apresentados são claros e corretos. O ponto de maior destaque é a prioridade de recuperar e revitalizar a produção de biocombustíveis e bioeletricidade, que não deveriam ficar a reboque da intervenção estatal em razão de políticas de controle artificial de preços da gasolina. "A intervenção do governo no setor deveria ser mínima e as regras para o desenvolvimento da energia de biomassa devem ser previsíveis e transparentes."

6) Infraestrutura e logística - o programa propõe ampliar e acelerar concessões, parcerias público-privadas e investimentos, aprimorando os marcos regulatórios, diversificando modais de transporte e aprimorando o diálogo com os investidores.

O programa traz temas que devem gerar embates com o setor, mas podem perfeitamente ser tratados de forma racional pelo Executivo e pelo Legislativo.

• O texto reconhece a queda expressiva do desmatamento em áreas de floresta, mas menciona seu avanço em certas áreas do cerrado, afirmando "que a agropecuária brasileira não precisa mais avançar sobre novas áreas de vegetação nativa para duplicar ou até triplicar sua produção". Creio que o agronegócio concorda plenamente com a necessidade de eliminar o desmatamento ilegal em todos os biomas. Defende, porém, o desmatamento legal de áreas férteis sob cercado, seguindo estritamente o novo Código Florestal. A solução do "desmatamento líquido zero" – desmatamento legal de áreas com aptidão agrícola compensado por reflorestamento incentivado de áreas sem aptidão – pode ajudar a resolver a questão.

• A atualização dos indicadores de produtividade agrícola relacionados com o diagnóstico da função social da propriedade rural, que permitiria rápida desapropriação de terras nos casos previstos em lei ou um prêmio para quem faz uso correto da terra.

• A demarcação de terras indígenas e quilombolas, prevista na Constituição, mas que causa discórdias com os agricultores nas áreas onde há disputas.

Na minha modesta opinião, o programa atende às principais expectativas do agronegócio. Ele afirma que a agropecuária tem uma agenda própria, que será considerada pelo novo governo, reconhecendo-se a importância do setor para o País. Marina disse ainda que o programa divulgado é um "projeto em construção" que será revisado sempre que necessário (como, aliás, já o foi no fim de semana).

Precisamos acabar com a falsa dicotomia que tem colocado agricultura e meio ambiente em lados opostos. O agronegócio global só sobrevive com desenvolvimento sustentável. Ele terá de produzir alimentos, bebidas, têxteis, papel, borracha e bioenergia para mais 9 bilhões de habitantes em 2050. Terá de gerar renda para quem nele trabalha e enfrentar crescentes restrições de recursos naturais e clima.

O mundo deposita enorme esperança no Brasil para servir como exemplo global na conciliação de questões econômicas, sociais e ambientais na agricultura. Nossa História recente mostra que estamos em posição bem superior a qualquer outro país para dar esse salto. Ou seja, há muito mais convergências do que divergências entre as agendas do agronegócio moderno e a agenda de gestão sustentável dos recursos naturais proposta por Marina Silva.

Marcos Sawaya Jank é Diretor Global de Assuntos Corporativos da BRF. Foi Presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).
 

 

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Marcos Sawaya Jank    São Paulo - São Paulo

Consultoria/extensão rural

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Comentários

darlani porcaro

Muriaé - Minas Gerais - Produção de leite
postado em 04/09/2014

Precisamos de um ponto de vista real , não só da Marina , mas de todos o presidenciáveis que estão  na corrida à presidente do Brasil , pois é o mais importante setor de economia e vida , veja a àgua,  para todos nós, brasileiros ou não.














PAULO GUIMARAES

Datas - Minas Gerais - Produção de leite
postado em 04/09/2014

vcs acreditam nela?nuncaaaaaaaa!!!!!!!!só pagarem pra ver e Deus nos ajude...

Flavio Schirmann

Formigueiro - Rio Grande do Sul - Ovinos/Caprinos
postado em 05/09/2014

Nesta conversinha para enganar "bobos" eu não caio, já conheço bem as "idéias de girico" desta senhora Marina Silva. Quem tem sua campanha "bancada" pelas ongs internacionais não merece confiança dos que vivem do agronegócio. Nunca esteve tão bom para o agricultor. Hoje tudo o que se planta ou cria tem muito valor. Na cidade tudo está muito bom , emprego a escolher, casa para morar, crédito sem limites com juros baixos, as empresas ganhando rios de dinheiro...Se está bom para todos...está bom para mim também!

Flavio Schirmann

Formigueiro - Rio Grande do Sul - Ovinos/Caprinos
postado em 05/09/2014

Time que está ganhando "não se meche"!

evaldo

Santa Rita de Caldas - Minas Gerais - produtor rural
postado em 06/09/2014

tudo pelo poder,ela muda suas convicsoes,imaginem como sera se ela fosse eleita,cada dia uma opinião. ¨"Dilma neles"

Jaime de Oliveira Filho

Itapetininga - São Paulo - Ovinos/Caprinos
postado em 08/09/2014

Flavio Schirmann,vc está de passeio no RGS,pois o que vc tá falando é coisa séria demais pra falar isso, está bom para o agronegócio ,está sim,recursos e td,mas não esqueça que qualquer governo que entre dará essas mesmas condições pois tem que ver que  o PIB do agronegócio é que tem salvado o Brasil,mas não esqueçam que o o Lula já tem o filho dele um dos proprietários da JBS que e´uma das maiores exportadora de carne e quanto mais ele exportar mais ele fica rico,mas temos que medir como que pessoas chegam aonde estão? O PT vai acabar com o Brasil e brasileiro tem que pensar o que é bom para o Brasil,não só pq tá bom pra vc ,olhando de maneira bem  individual,mas a visaõ do Brasil precisa ser olhada de maneira sistêmica,pois o Brasil é um país só e outra coisa para manter da maneira que vc fala,que vc deve estar em outro país ,impossível! !!!,devemos ter outro governo pois o PT já tá afundando o Brasil faz tempo,se não Marina tem outros  pra vc escolher.Desculpa mas vc teve o direito de falar eu tive para responder o meu parecer tb.

Roberto Rafael Kuhl

Taio - Santa Catarina - Produção de ovinos de corte
postado em 10/09/2014

Governo Dilma é bom para petistas somente. Pegue uma folha de pagamento e veja quanto é descontado em impostos de um trabalhador de verdade, sem contar que os impostos não retornam na forma de benefícios ao povo. Nunca houve tanta corrupção espalhada no país como nos últimos 10 anos.
Ontem ainda estava ouvindo o horário político e ouvi a Dilma dizer que o pré-sal é muito importante ao país, mas nunca ouvi dizer que o preço do combustível irá baixar devido a grande reserva do pré-sal, ou seja, existe uma grande reserva de petróleo p/ ser auto-suficiente mas os preços não baixa, pelo contrário só aumentam.
Ainda não sei p/ quem vou votar mas de uma coisa eu sei, precisa mudar.

darlani porcaro

Muriaé - Minas Gerais - Produção de leite
postado em 11/09/2014

Srs. Roberto e Jaime  acima, concordo plenamente com  suas  opiniões, a verdade e esta.

Luiz Sandi

Lages - Santa Catarina - Ovinos/Caprinos
postado em 22/09/2014

Prezados Criadores, nunca na historia deste pais, houve um partido que roubou tanto quanto o PT, PT nunca mais. Petrobras, Ongs, estadios,  Mensalao etc etc

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