É comum depararmos com propriedades que possuem um número reduzido de matrizes (abaixo de 100 cabeças), estas normalmente criadas sem um sistema de produção definido e, principalmente, sem foco. Quando se avalia o histórico dessas propriedades nos períodos de aquecimento do setor, o produtor, uma vez motivado, adquiriu animais, buscou informações regionais sobre a criação de cordeiros, utilizou-se de sua experiência como pecuarista (não necessariamente como ovinocultor) e acreditou possuir ferramentas o suficiente para o sucesso do negócio. Mas devido a uma sequência de fatores negativos (morte dos animais, mão-de-obra desqualificada - "animal difícil de criar", dificuldades de comunicação com a cadeia como um todo), a produção de ovinos de corte foi sendo "deixada de escanteio", foi abandonada a visão comercial do negócio, pelo qual o abate do cordeiro informal passou a ser uma saída para algum tipo de retorno financeiro.
Olhando o cenário macro, observa-se a busca de uma carne de qualidade pelo mercado consumidor, um padrão de cortes e uma constância na oferta desse produto, pressionando a cadeia como um todo a se adequar a essa demanda. O frigorífico busca animais a campo que atendam a um padrão, e então se inicia uma sequência de dificuldades, como encontrar cordeiros de qualidade, que empacam o desenvolvimento sustentável da atividade.
Quando se avalia esse cenário, conclui-se que o foco dos sistemas de produção deve ser a produção de uma carcaça de qualidade, com maior rendimento, precoce, bem terminada. Os passos anteriores a essa carcaça são traçados conforme a organização "dentro da porteira", eficiência do sistema de produção de cordeiros utilizado na propriedade; se tem-se objetivos concretos, os esforços devem ser direcionados para cumpri-los.
A ovinocultura de corte no Brasil apresenta claramente uma necessidade urgente de se estruturar e se profissionalizar para produzir um produto final de qualidade. Observando o potencial do nosso país e os exemplos de cadeias sustentáveis e bem sucedidas que produzem proteína animal, temos largos passos a serem dados para expressarmos o peso que a cadeia pode ter no PIB nacional, se tornando autossuficiente para sustentar o consumo interno e ostentar mercados internacionais.
Inspirados pelas possibilidades da cadeia, decidiu-se realizar o I Dia de Campo para Ovinocultores, com o tema "Foco e Organização". O evento irá reunir pessoas que atuam em diversos elos da cadeia, seguindo a estrutura "ovinocultor-universidade-tecnologias-mercado", tendo como objetivo motivar a criação de ovinos através da estruturação da cadeia, com o fornecimento de informações relevantes, proporcionando a troca de experiências entre os participantes, elevando o nível das discussões.
O tema "Foco e Organização" foi escolhido devido à preocupação dos idealizadores do evento em traçar metas e objetivos concretos para a estruturação da cadeia da ovinocultura de corte no Brasil. Sem foco, em qualquer lugar que o negócio alcance será satisfatório e não conseguiremos planejar e organizar a produção.
Não devemos só debater os conceitos de "Foco e Organização", mas sim incorporá-lo na cultura do ovinocultor. O limite entre o sucesso e o fracasso da atividade está diretamente ligado ao foco e os objetivos da propriedade, e como ela se organiza para atingi-los.
Sucesso a todos! Vamos participar juntos de ações que promovam o desenvolvimento sustentável da ovinocultura de corte.
Para mais informações sobre a estrutura do evento e inscrições, clique aqui.
O FarmPoint está como parceiro deste evento e garante o sucesso dessa nova empreitada!
As informações foram concedidas por Rafael Fernando dos Santos, Zootecnista e Consultor Técnico do Cordeiro Biz, adaptadas pela Equipe FarmPoint.
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