No início de qualquer criação, a escolha de uma espécia forrageira é de fundamental importância. A forragem tem que estar de acordo com as condições edafoclimáticas, manejo e consequentemente com o sistema de produção que será utilizado. Além disso, o produtor precisa estar atento ao comportamento e hábitos de crescimento da forrageira, bem como as exigências nutricionais das classes animais que se alimentarão de tal forragem.
Cabe salientar que é em vão procurar por capins "milagrosos" (mais produtivos, baixa exigência em fertilidade, tolerantes a seca, resistentes a pragas e que não possuam estacionalidade de produção). Com certeza absoluta estes capins não existem. Toda planta forrageira apresenta determinadas vantagens e limitações.
Morand-Fehr e Sauvant (1984) definiram os caprinos como consumidores adaptativos com seletividade média a alta. A seletividade está relacionada às partes anatômicas de sua boca que permitem ampla mobilidade dos lábios, e pela forma de apreensão do alimento com o uso de lábios, dentes e língua que permitem que estes animais apresentem alta capacidade de seleção. A diversidade de plantas que o caprino consome como forragem é bem mais ampla que a aceita por ovinos e bovinos.
Outro ponto importante é que o caprino, por natureza, não gosta de se alimentar exclusivamente com única forrageira, notadamente se a mesma for gramínea, preferindo alternar a alimentação entre diferentes tipos de vegetais, selecionando intensivamente as partes mais nutritivas das plantas em quaisquer deles (Gall, 1981; De Simiane et al., 1984).
Para ovinos, certas características inerentes a espécie, como o comportamento alelomimético (ação idêntica entre os membros de um grupo no mesmo momento e atuando uns sobre os outros), é de grande importância. De maneira geral, os ovinos pastejam em grupos, sendo difícil observar um animal isolado do restante do rebanho. Assim, é importante que a forrageira escolhida seja de porte baixo (<80 cm de altura) para que haja a possibilidade de visão e percepção entre os animais do grupo de pastejo. Outra característica dos ovinos é o pastejo seletivo, possuindo a habilidade na apreensão de partes selecionadas das forrageiras.
Segundo MEIRELLES et al. (2008) as espécies mais indicadas para pastagens de ovinos devem ter porte baixo, com hábito de crescimento rasteiro, prostrado, que proporcionam boa cobertura do solo e que tolerem manejo baixo (saída dos animais da pastagem com uma altura menor). (Artigo "Pastagem para ovinos - uma realidade a ser cumprida", publicado no FarmPoint em janeiro de 2010).
E você produtor de ovinos e/ou caprinos? Qual espécie forrageira você utilizada na sua propriedade e como realiza o manejo da sua pastagem? Deixe o seu comentário no box abaixo:
Referências bibliográficas
De Simiane, M.; Huguet, L.; Masson, C. Comportament alimentaire dês chevres a l'auge et pâturage. La chevre, v. 141, n. 2, p.32-38, 1984.
Gall, C. Milk production. In: GALL, C. Goat production. Academic Press, London, 1981. 619p.
MEIRELLES, Paulo Roberto de Lima ; COSTA, Ciniro ; FACTORI, Marco Aurélio ; SANTOS, W. A. . Pastagens para Ovinos. In: III SOUD - Seminário de Ovinocultura da UNESP de Dracena, 2008, Dracena. SOUD - Seminário de Ovinocultura da UNESP de Dracena, CD Rom. Dracena : UNESP, 2008.
Morand-Fehr, P.; Sauvant, D. Alimentación de cabras. In: Alimentos y alimentación de ganado. D. C. Church. Montevideo, Hemisferio Sur. 1984. p. 553 - 577.
Jonas Rodrigues
Dourado - Mato Grosso do Sul - Trader
postado em 14/10/2010
Utilizo pasto de Tifton na minha fazenda. Os animais pastejam bem. Faço rotação de pastejo tbm com piquetes de Brachiaria brizhanta.