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Informativo Premix Nutrição Animal - Alerta: samambaia e outras plantas tóxicas das pastagens

postado em 06/07/2012

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Esta seção é reservada aos nossos anunciantes.
As informações veiculadas nesta seção são de caráter comercial e não necessariamente representam o pensamento do conselho editorial do site.

 

Escrito por Walkíria Bertelli Fernandes - Zootecnista da Premix Nutrição Animal

As plantas tóxicas são muitas, e não existe tratamento específico para seus efeitos, muitas vezes, fatal. Confira os riscos da samambaia e de algumas outras plantas perigosas.

"Planta tóxica não é só a que mata, mas também a que provoca perturbações diretas ou indiretas na saúde dos animais, muitas vezes, pouco associadas, como a ocorrência de abortos". O alerta é dado pelo pesquisador Arnildo Pott, da Embrapa Gado de Corte, alegando que fome, superlotação, queimada, viagens e deficiências minerais levam os animais a ingeri-las, mesmo quando não são palatáveis. No Brasil, se calcula que existam mais de 90 espécies de plantas tóxicas que causam prejuízos em rebanhos. Segundo os pesquisadores, muitas plantas são tóxicas só em determinadas regiões ou em certas ocasiões de seu ciclo vital. Daí exigirem atenção redobrada dos criadores, que devem estar atentos a efeitos envolvendo distúrbios no sistema nervoso e nos aparelhos circulatório, digestivo e muscular.

Dos animais, os bovinos são as principais vítimas das plantas tóxicas, pois sua gustação quase nula e sua rápida deglutição os impedem de rejeitar o que laçam com a língua. A digestão, muito demorada, também enseja maior possibilidade de absorção do tóxico. Segundo estatísticas, as intoxicações por plantas são agravadas nas secas, quando, pela falta de pastagem, os animais famintos comem com voracidade quase tudo que encontram. É comum em fazendas leiteiras, no início do período da secagem, se deparar com piquetes que apresentam acúmulo de barro, cupins e capoeiras. A falta de atenção com esses locais favorece o surgimento de plantas tóxicas. E a falta de informações quase sempre leva a hipóteses complexas em busca da causa dos quadros clínicos. Nesse cenário, a samambaia (Pteridium auilinium) é a que mais causa controvérsia em seu diagnóstico, devido à semelhança com doenças tais como carbúnculo hemático, a leptospirose, a tristeza parasitária e a pasteurelose. É encontrada em quase todo o País, principalmente, em áreas com maior altitude, e se apresenta como planta invasora em solos ácidos, arenosos e com baixa fertilidade. Seus componentes tóxicos variam de acordo com a idade e a parte da planta. A ocorrência de solos pobres em fósforo e arenosos favorece seu desenvolvimento.

Figura 1 - Mascagnia rígida



A prática de queimadas favorece a brotação, eleva sua toxidez e contribui para sua proliferação. Além de ingerida nos pastos, a samambaia pode estar presente em fenos contaminados e na cama dos animais estabulados, sendo que a planta mantém seus princípios tóxicos, verde ou seca.

Samambaia: não existe terapia específica - Os sintomas de intoxicação por samambaia variam de acordo com a quantidade e o tempo durante o qual o animal está ingerindo a planta. Dentro dos procedimentos, se costuma classificar em casos agudos ou crônicos, sendo que o primeiro, mais raro, é dividido em dois tipos: laríngeo e entérico. No primeiro tipo, ocorre redução de peso, pêlo arrepiado, hemorragias cutâneas e nas cavidades naturais, edema na garganta e andar cambaleante.

No tipo entérico, os animais apresentam anorexia, diarreia, fezes escuras, mucosas pálidas, febre e dificuldade de coagulação sanguínea. Já nos casos de sintomatologia crônica, a urina se apresenta com a coloração avermelhada, encontrando-se também carcinomas no esôfago, faringe e rúmen, os quais promovem tosse, dificuldade de deglutição dos alimentos, podendo levar à ocorrência de timpanismo e anemia. Ulcerações na cavidade oral também são identificadas neste quadro clínico. O que se sabe é que não existe nenhuma terapia específica para tratamento. Há somente medicações paliativas, que muitas vezes não apresentam resposta ou mudança clínica do animal. Existem procedimentos alternativos, que podem levar a alguma melhora, como a transfusão de sangue ou a antibiótico-terapia visando combater infecções secundárias.

Figura 2 e 3 - Samambaia no pasto.





Quando identificada a samambaia deve ser erradicada da pastagem. O certo é que, frente à grande variedade dos sinais do problema, o diagnóstico deve associar, além da sintomatologia, a presença da planta na fazenda e os resultados do exame laboratorial, o qual deve apontar baixa dosagem de plaquetas, tempo de coagulação aumentado e anemia. Completando, especialistas informam que é comum a samambaia provocar lesões na bexiga e no intestino, sob a forma de verrugas, e tumores, que tinge a urina com sangue. Portanto, os casos suspeitos ou confirmados devem ser retirados da área com presença de samambaia. Em razão disso, é importante atenção especial que se deve ter com a prevenção. Nesse sentido, recomenda-se a erradicação de samambaias e de qualquer outro tipo de planta tóxica no pasto, o controle da ocupação da área por animais, a mineralização correta dos animais, rodízio de pastagem e correção do solo. No caso específico dos bovinos leiteiros, estudos recentes isolaram uma toxina da planta no leite, o que foi constatado a partir da conclusão de que vacas intoxicadas com samambaia também transmitiram o quadro clínico para os bezerros que se alimentaram com o leite produzido por elas, aumentando, assim, o número de animais acometidos com o problema dentro do rebanho.

Figura 4 - Palicourea marcgravii



As principais práticas recomendadas de controle de plantas tóxicas em pastagens são mecânicas (corte, anelamento do caule, desenraizamento e queima), químicos (herbicidas) e biológicos (estes, sob orientação técnica especializada). Roçar é paliativo, e com a rebrota, o problema de intoxicação tende a se agravar. Além disso, as folhas de certas plantas tóxicas se tornam mais palatáveis quando murchas ou secas. Deve-se evitar o excesso de lotação. É o ponto-chave para reduzir a incidência de intoxicação, porque, não passando fome, os bovinos têm maior oportunidade de selecionar apenas plantas forrageiras. Pastagens não degradadas têm menor infestação de plantas invasoras e tóxicas. Portanto, os pastos degradados devem ser recuperados por esta e também por outras razões. A respeito do desenraizamento, o uso do enxadão é o mais simples, mas impraticável para grandes áreas. No caso das pequenas áreas, sugere-se constante observação quanto à reinfestação. O uso de roçadeira considera-se uma prática paliativa, pois logo pode vir a rebrota, e o problema se agravar.

Quanto às queimadas, são pouco úteis, pois as plantas tóxicas geralmente têm sistemas subterrâneos e rebrotam antes das gramíneas, podendo aumentar o risco de intoxicação, porque aumentam a proporção na dieta. As plantas anuais, em geral, são sensíveis ao fogo, principalmente as bem jovens. No entanto, as mais velhas podem germinar e aumentar após a queimada, como caruru e fedegoso.

O uso de produtos químicos, como herbicidas, é dispendioso, embora possa ser muito eficaz. A aplicação dirigida, mediante o pincelamento ou a pulverização no toco, é eficiente e usa quantidades reduzidas do produto, evitando-se a contaminação do meio ambiente.

Entende-se que o controle biológico por meio de inimigos naturais necessita ainda de muita pesquisa para se mostrar eficiente quando as plantas tóxicas estão em estado nativo.

A pesquisadora Mitsue Haraguchi, do Laboratório de Farmacologia do Instituto Biológico de São Paulo, informa que o diagnóstico das intoxicações por plantas é realizado a partir do conhecimento da ocorrência de plantas tóxicas na região, dos distúrbios causados por elas, da constatação dos sinais clínicos e sua evolução. "Em alguns casos, o estudo bioquímico sanguíneo pode apresentar informações importantes para o diagnóstico diferencial. Em outros, a realização da necropsia e do exame histopatológico é necessária", informa.

As mais perigosas

Segundo a pesquisadora Mitsue Haraguchi, do Instituto Biológico de São Paulo, a ingestão de plantas tóxicas se deve principalmente a três fatores:

- palatabilidade: o que não quer dizer que plantas não-palatáveis também não sejam consumidas;
- fome: um fator que pode ser traduzido pela carência de forragem ou por período de privação de alimento;
- sede: o que leva os animais a perderem a palatabilidade e a capacidade de seleção do que ingerem.

As plantas que causam morte súbita são responsáveis por cerca de 60% de todas as perdas causadas por plantas tóxicas no País, cita a pesquisadora do IB. Dentre estas, aponta a erva do rato verdadeira (Policourea marcgravii) como a mais perigosa, ocasionando perdas em todo o Brasil, exceto na região Sul. É uma rubiácea encontrada em bordas de matas e capoeiras. A intoxicação nos bovinos se mostra de forma fulminante.

Ao ingerir essa planta, o bovino não mostra nenhum sinal durante as 8 ou 10 horas seguintes, ruminando normalmente. De súbito, apresenta vacilação dos membros dianteiros, cai sobre os joelhos, tomba ao solo e permanece em decúbito lateral. Os membros ficam estendidos, a respiração é difícil, acelerada, seguindo-se de movimentos respiratórios profundos e amplos até a morte. Próximo da morte, ocorre momentos de pedalagem, mugidos e convulsão.

A pesquisadora observa que não se pode confundir esta planta com uma outra, também chamada de erva do rato, mas que possui outro nome científico: Psychotria barbiflora. "Esta, apesar de tóxica, não provoca morte súbita. Diferencia-se da erva do rato verdadeira pela coloração branca de suas flores", diz, lembrando que aquela possui cor avermelhada. Para ambos os casos, a pesquisadora diz que não basta cortar a erva de rato. "Ela deve ser arrancada dos pastos e queimada, pois ela não perde a toxicidade pela secagem", cita.

Causam também morte súbita as plantas gibata ou chibata (Arrabiadae bilabiata) e a corona ou cipó-prata (Mascagnia pubiflora), sendo esta um arbusto trepadeira. Tem causado prejuízos à pecuária e continua sendo um perigo potencial porque os animais a ingerem espontaneamente e a sua erradicação é difícil, dada a profundidade de suas raízes. A corona é encontrada em uma vasta extensão da divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul, nas barrancas do Rio Paraná e na região central do Estado. No Nordeste do País, é encontrada a Moscagnia rigida, que também é responsável por sérios prejuízos. Bovinos intoxicados apresentam convulsões, tremores e perturbações do sistema nervoso, e sua morte é mais freqüente quando são tocados aos currais, recaindo geralmente em animais vindos de outras regiões. Há casos de recuperação de animais intoxicados, quando não são forçados a se movimentar.

Portanto, vale salientar que prevenir é o melhor remédio. Manter os pastos bem manejados e os animais saudáveis, bem mineralizados, com certeza evitará prejuízos causados por plantas tóxicas.

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