Os ovinos, assim como outras espécies, necessitam de uma reposição ou suplementação de minerais dependendo da sua condição fisiológica (vazia, prenhe, lactação, crescimento e enfermos).
Diariamente os ovinos perdem pelos ou lã, transpiram, repõem tecidos e produzem mucos, além dos minerais que são eliminados via urina e fezes, esta reposição refere-se à de manutenção.
Uma ovelha prenhe durante os dois primeiros terços da gestação apresentará praticamente as mesmas exigências de nutrientes e minerais que uma ovelha vazia, mas no terço final, quando ocorrem cerca de 70% do desenvolvimento do feto, representado em grande parte pela formação dos tecidos ósseos, cartilagens, sistema nervoso, entre outros, a exigência em minerais nessa fase é extremamente elevada. Falhas nessa fase podem levar ao aborto por uma má formação do feto, interferir no tamanho do cordeiro ao nascer, no desenvolvimento inicial pós-natal, etc.
Após o parto, a grande demanda de minerais para essas ovelhas é devida à produção de leite, riquíssimo em minerais, sendo que tudo que sai via leite precisa ser reposto através da nutrição para que a matriz não fique desmineralizada, podendo ter uma queda drástica do seu sistema imune, queda da produção de leite, atraso no próximo ciclo reprodutivo ou baixa produtividade.
Abaixo um comparativo entre a composição do leite de bovinos e ovinos:
Apesar de o leite ovino ser rico em minerais, para o melhor crescimento e desenvolvimento dos filhotes, a suplementação mineral é muito importante. A ingestão média de 7g/cab/dia, é suficiente para complementar os minerais do leite e suprir as exigências dos cordeiros em crescimento.
Considerando que um cordeiro recém-nascido tem um enorme potencial de conversão alimentar e que no desenvolvimento inicial é priorizado o de tecido ósseo, mais uma vez a suplementação mineral torna-se importante, não somente pelo desenvolvimento ósseo, mas no desenvolvimento de outros sistemas tais como nervoso, reprodutivo, muscular, os quais são dependentes de diversos microminerais para a sua formação e funcionamento.
No entanto, é fundamental saber que suplementos minerais não são commodities como milho, soja, arroba do boi, café, leite, entre outros. Cada empresa tem a sua fórmula, cada produto tem os seus níveis de garantia, no pressuposto que o seu produto contém por quilo de suplemento as quantidades de macro e microminerais indicadas.
Mas como avaliar um mineral?
Inicialmente, verificamos a relação cálcio:fósforo do produto. Considerando o fosfato bicálcico, que é a melhor fonte de Ca e P, e que um mineral de boa qualidade seria aquele com a relação calcio:fósforo próxima de 1,3, pois o fosfato bicálcico possui 24% de Ca e 18% de P em sua composição. Dividindo 24/18 chegamos à relação 1,3.
Existem outras fontes de P permitidas pelo Ministério da Agricultura, como o fosfato monoamônio (MAP), de qualidade e preço inferiores, mas muito utilizado pelas indústrias de minerais. No entanto, o MAP é apenas fonte de P e N e não de Ca e por este motivo é necessário adicionar calcário calcítico no suplemento mineral para fornecer o Ca. Porém, como o calcário calcítico possui em média 37% de Ca, a relação Ca:P do produto fica bastante diferente daquela que se tem quando é utilizado o fosfato bicálcico, sendo muito maior que 1,3.
O calcário calcítico e o MAP são então fontes de Ca e P, respectivamente, que barateiam o suplemento mineral e substituem totalmente ou parcialmente a inclusão do fosfato bicálcico na formulação do suplemento mineral.
Outro fator que se deve levar em conta é que um suplemento mineral não deve ter palatabilizante, nem farelos, nem qualquer teor de proteína (exceto os proteinados). Se existe algo desse tipo no mineral, pode-se entender que o produto não é naturalmente palatável pelos animais ou pode haver o interesse de forçar o consumo do produto pelo animal, levando-o a ingerir em algumas vezes mais de 60g/cab/dia, o que significa risco de intoxicação, desperdício de minerais e aumento da contaminação dos solos, uma vez que o excesso de minerais será eliminado pelas fezes e urina dos ovinos.
Entre as matérias-primas para a formulação de um suplemento mineral, temos basicamente os óxidos, os sulfatos e os minerais em forma orgânica (Quelatos), sendo que os minerais em forma orgânica têm mais qualidade, expressada por sua maior biodisponibilidade, isto é, eles são retidos em maior quantidade pelo organismo, o que redunda em melhor aproveitamento pelos órgãos, sistemas e tecidos. Os sulfatos apresentam qualidade intermediária e os óxidos têm baixa qualidade. Portanto, a utilização de um produto de qualidade fará toda a diferença no desempenho dos animais.
Vários são os fatores que interferem na absorção dos elementos minerais em forma inorgânica (iônica): formação de precipitados insolúveis (que não são absorvidos), sinergismo e antagonismo, competição entre íons pelas proteínas transportadoras que fazem a ponte entre a luz do intestino e a corrente circulatória, diferente dos minerais em forma orgânica que não são afetados por esses fatores, o que significa dizer que eles são absorvidos em maior quantidade.
Abaixo uma figura que ilustra as relações de antagonismo e sinergismo dos minerais iônicos.
Entre as diversas inter-relações, pode-se chamar atenção ao sinergismo do cobre (Cu) com o ferro (Fe), Cobalto (Co) e Fósforo (P) e o forte antagonismo do Cálcio (Ca) e Zinco (Zn) com diversos minerais, assim como, o antagonismo do Molibdênio (Mo) e Enxofre (S) com o Cu.
Isto representa que nem tudo que é oferecido e ingerido pelo ovino vai ficar disponível para o aproveitamento do animal, pois as diversas interações dos minerais irão influenciar fortemente nisto.
Com relação ao cobre, observa-se que muitos produtos não possuem este mineral em sua composição, mas além dos ovinos serem exigentes em cobre, ele aumenta a biodisponibilidade do ferro e em casos de anemia, provocada por verminoses, tão comuns nos ovinos, principalmente as provocadas pelo Haemonchus contortus, vemos que o cobre é importante também neste sentido.
Os minerais em forma orgânica (quelatos) são estáveis e não são sujeitos às interações com outros elementos. No caso de suplementos minerais para ovinos, o molibdênio é utilizado na forma inorgânica, com a função de sequestrar o cobre que os ovinos possam ingerir via volumoso e/ou concentrado, impedindo assim qualquer risco de intoxicação.
Esta molécula orgânica na prática permite um enorme aumento na biodisponibilidade dos minerais para os animais, resultando em maiores desempenhos com ingestão adequada de minerais, que fica por volta de 15 a 30g/cab/dia, dependendo da região e qualidade do pasto.
Os minerais quelatados melhoram o desempenho dos animais com relação ao ganho de peso e desenvolvimento dos animais em crescimento (ganharam 2,5 kg a mais na recria de fêmeas), melhoram o desempenho reprodutivo de ovelhas (aumento de 4% na fertilidade e 15% nos partos duplos) e carneiros (qualidade do sêmen 15% melhor), além de melhorar a resposta imune do rebanho ovino como um todo. O que nos mostra que o investimento neste tipo de mineral é pago com aumento da produtividade e saúde do rebanho que ao longo dos ciclos se torna mais produtivo e rentável.
Os produtos da linha caprinos e ovinos da Tortuga possuem todos os microminerais quelatados (na forma orgânica), exceto o molibdênio.
Pegue agora a embalagem do mineral que você está utilizando e compare o custo-benefício de utilizar um ou outro produto. Observe o consumo de minerais do seu rebanho e veja se está com excesso de consumo, o que encarece a diária de mineralização do rebanho ou se o consumo está muito baixo, não suprindo a quantidade de mineral necessária para os animais, o que se reflete em baixo desempenho zootécnico.
A suplementação mineral de qualidade é o insumo de melhor custo-benefício para o rebanho, pois os minerais estão presentes em vários processos metabólicos que envolvem reprodução, sistema imune, produção de leite e desenvolvimento muscular.
Representando cerca de 2 a 4% do custo de produção, será que vale a pena cortar custos nos minerais?
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