A elevada capacidade produtiva dos capins tropicais é uma característica que permite a obtenção de grandes produções animais nessa região. Porém, é inquestionável que mesmo com esse potencial para produção de carne em regime de pasto, é comum a existência de inadequações nutricionais no que se refere à oferta de energia, proteína e minerais (Siqueira, 2001).
Em climas tropicais, o ciclo de produção anual de forragem é determinado pelas fases das águas, da seca e os períodos de transição entre elas. Costa (2001) comentou que o padrão cíclico no desenvolvimento dos ruminantes é determinado, quase exclusivamente, pelo clima que tem grande efeito no ciclo vegetativo das forrageiras tropicais, sendo a época chuvosa a que representa os períodos de desenvolvimento satisfatório. Nesse período, as forrageiras atingem o máximo de sua disponibilidade e valor nutritivo com razoável atendimento das demandas nutricionais dos ovinos.
Assim, em função do clima, o sistema produtivo caracteriza-se por uma fase de desenvolvimento satisfatório dos animais, e por outra em que o desenvolvimento pode ser nulo ou até negativo (período de estiagem ou de seca).
Os maiores problemas do período da seca são a falta de chuvas e diminuição do período luminoso. Esses dois fatores são preponderantes para que as gramíneas tropicais tenham o seu crescimento afetado, resultando em pastagens com menor teor de proteína e volume de pastagem diminuído, o que favorece também as maiores incidências de verminose, pois os animais irão pastejar em alturas mais baixas e consequentemente, ingerir mais larvas.
Nesse período, a forragem apresenta baixo valor nutritivo em que o conteúdo de proteína pode não suprir as exigências em proteína degradada no rúmen (PDR) para crescimento microbiano e atividade fermentativa adequada.
Nessas condições, as gramíneas tropicais apresentam-se com teores de proteína bruta bastante reduzidos, inferiores a 7% base seca (Orskov, 1982), parâmetro considerado crítico para a plena atividade dos micro-organismos ruminais, contribuindo assim para uma menor digestibilidade da forragem e depressão do seu consumo voluntário.
Nesse sentido, corrigir os potenciais desbalanços proteicos nas dietas à base de forragem exclusiva (pastagem) via suplementação passa a ser de grande importância ao sistema de produção, pois, além de promover estímulo do consumo de matéria seca, geralmente melhora a digestibilidade da forragem seca, resultando no incremento do desempenho dos animais.
Já que no período seco do ano a maioria das forrageiras tropicais tem o seu conteúdo proteico reduzido, em média não ultrapassando 5% de proteína bruta na matéria seca, torna-se necessário então, para atender a exigência protéica dos animais, a sua suplementação.
A formação de bancos de proteína pode ser uma boa opção. Existem diversas leguminosas perenes que podem ser utilizadas como suplemento proteico para os ovinos, mas nesse caso é preciso realizar o manejo dos animais adequadamente, pois o excesso de proteína pode levar à perda de peso, pois os animais gastam energia para excretar o excesso de proteína, e a problemas como o timpanismo, uma vez que o consumo excessivo destas plantas pode formar espumas dentro do rúmen e impedir a ruminação dos ovinos.
Gramíneas de inverno podem ser uma opção, mas isto irá depender da condição climática da propriedade, já que essas gramíneas precisam de clima adequado (de inverno) para se estabelecerem.
A suplementação com silagem, pré-secado e feno ajudará no balanceamento das dietas para as ovelhas e cordeiros.
O sistema Rotacional Racional Tortuga (RRT) também pode ser uma ferra-menta de auxílio para o manejo das pastagens durante a seca. Como as pastagens são utilizadas de forma racional, haverá uma boa rebrota antes da seca. Ao diminuir a lotação no sistema neste período, conseguimos fornecer o volumoso (pasto), mas mesmo assim, a suplementação proteica é necessária.
O diferimento de pastagem pode ser uma estratégia para atravessar a seca, no entanto será um capim "passado" e de qualidade inferior. Nesse caso, teremos volume, não teremos qualidade nutricional e, assim, lançar mão do proteinado é uma ótima alternativa.
Para melhor esclarecer essa necessidade, pode ser realizada a seguinte ponderação, que para a maioria das situações é bem representativa.
De acordo com o NRC Ovinos 2007, a exigência em proteína bruta para a manutenção de uma ovelha é de 66 gramas por dia de proteína. A concentração dos nutrientes mencionados a seguir é sempre apresentada na base seca.
Considerando uma ovelha adulta com 50 kg de peso vivo, observa-se em média um consumo de matéria seca (em condições de pastagem seca) em torno de 1,5% de fibra em detergente neutro (FDN). Considerando também que nesse período do ano a pastagem seca apresenta 70% de FDN, observa-se então um consumo de matéria seca total de aproximadamente 1,071 kg/dia (2,15% PV). Nessa quantidade de matéria seca ingerida, para uma forragem com 5% de proteína bruta, obtêm-se uma ingestão de proteína bruta de 53,5 g/dia de proteína.
De acordo com a exigência do animal haverá, nessa situação, um déficit de 12,43 g/dia de proteína para atender a sua exigência de mantença. Tal análise sinaliza um cenário mais restritivo, quando realizado com base na quantidade de proteína que realmente é absorvida e esteja disponível ao metabolismo do animal, o que é tratado pelos nutricionistas como proteína metabolizável.
Nesse sentido, para corrigir esse déficit de proteína bruta, caso sejam oferecidos 100 g/dia de suplemento proteico para essa ovelha, apenas para corrigir o déficit proteico em relação à mantença, seriam necessários 13% - 14% de proteína bruta na formulação, e se for considerado ainda o atendimento das demais demandas produtivas exigidas pelas ovelhas (gestação, ganho de peso, lactação), seria necessário contar com um suplemento de, no mínimo, 30 % de proteína bruta.
Portanto, a suplementação para animais em pastagem deve ser considerada como uma medida técnica e economicamente interessante, permitindo otimizar a produção dos ruminantes em regiões tropicais.
A Tortuga é a empresa de nutrição animal que possui o maior número de produtos destinados à suplementação de ovinos: Ovinofós, Ovinofós com Monensina, Núcleo Ovinofós Produção, Núcleo Ovinofós Produção com Monensina e Ovinofós Seca, um proteinado exclusivo para ovinos, único do mercado.
Toda a linha de ovinos e caprinos é composta pelos minerais em forma orgânica, o que representa maior eficiência na absorção dos minerais, maior biodisponibilidade e, consequentemente, maior desempenho e saúde dos animais.
O Ovinofós Seca é um proteinado com 31,5% de proteína bruta, sendo apenas 1/3 proveniente da ureia. No entanto, pela presença da ureia na formulação, é preciso que se faça uma adaptação prévia dos animais ao iniciar o seu fornecimento.
O cocho de sal proteinado deve ser coberto, para proteger o produto da chuva e furado para que caso molhe e não acumule água, diminuindo o risco de um animal ingerir a água com a ureia diluída e se intoxicar.
Para adaptar os animais, deve-se misturar o Ovinofós Seca com Ovinofós na proporção de 1:1 pelo período de 10 dias e só então disponibilizar o Ovinofós Seca puro no cocho.
A função do Ovinofós Seca na nutrição de ovinos é a mesma dos proteinados fornecidos aos bovinos: suplementar com proteína durante o período de seca, quando as pastagens têm menor taxa de crescimento, secam e têm o seu nível de proteína bastante diminuído. E a deficiência em proteína resulta em perda de peso pelas ovelhas além e queda no desempenho reprodutivo.
Quando os ovinos recebem cana picada, o proteinado é importante, porque a proteína da ureia será metabolizada e absorvida rapidamente, assim como o açúcar da cana. Já a proteína dos farelos, que são fermentados numa taxa um pouco menor, acompanham parte da fermentação da fibra da cana. Esta associação de tempos de fermentação entre proteína e carboidratos (açúcar e fibra) é importante para a manutenção da população microbiana no rúmen, que será favorecida e melhorará a digestibilidade dos alimentos ingeridos.
O Ovinofós Seca pode também ser utilizado na recria de borregas, como já vem sendo feito por alguns produtores brasileiros. Assim, conseguimos oferecer uma suplementação proteica para animais que estão em crescimento e demandam proteína na dieta para o desenvolvimento da musculatura e tecidos corporais, mantendo a viabilidade econômica da dieta.
Portanto, atravessar bem o período da seca não é segredo. Para evitar o desgaste e morte dos animais, o que resultará em perda de eficiência econômica do sistema, a suplementação proteica é uma excelente opção, de baixo custo e ótimo benefício. Deste modo, é possível atravessar a seca obtendo lucro. Pegue lápis e papel e faça a conta.
Referências bibliográficas
COSTA, R. M. Avaliação de suplementos com proteína degradável e de escape ruminal para recria de bovinos. 2001. 47p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal. NATIONAL RESEARCH CONCIL.
Nutriente Requeriments of small ruminants. Washington, D.C.: National Academy, 2007. 362p. OSRKOV, E. R. Protein Nutrition in ruminants. London: Cambridge Academic, 1982.
SIQUEIRA, G. B. de Efeito da suplementação sobre o desempenho, ingestão voluntária e eficiência alimentar de bovinos de corte consumindo volumoso de baixa qualidade. 2001. 50p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira.
SIQUEIRA, G. B. de Ingestão de proteína para cordeiros da raça Santa Inês: Digestibilidade e desempenho. 2009. 95p. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras.
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