No artigo anterior foi abordada a importância da alimentação balanceada na qualidade da carne. Continuando esta série de artigos, será discutido este mês sobre as instalações zootécnicas. Acredito que quase todos os técnicos que trabalham com bem-estar animal adotam que toda instalação zootécnica deva ter:
- Tamanho que comporte todos os animais = respeitar categoria e dominância entre os animais;
- Tamanho de bebedouros e cochos = observar se todos têm o seu espaço;
- Proteção contra ventos frios = fazer os oitões no sentido das correntes frias;
- Disponibilidade de água = que seja limpa e constante;
- Controle da temperatura e umidade = mensurar diariamente a temperatura com termômetros de mínima e máxima;
- Piso apropriado à espécie e idade, e
- Telhado com material de maior refletividade, menor absorção e transferência de calor.
O tipo de instalação a ser adotada varia muito com a região, ideal é adequá-las a cada região. A ambiência animal tem o objetivo de ajustar as construções às necessidades técnicas de acordo a sua categoria e estado fisiológico. E, para isso, não existe uma receita pronta, cada caso é estudado isoladamente.
Muitos produtores fazem as instalações para estética ou vaidade. O importante é a instalação satisfazer o bem-estar e o conforto animal e consequentemente influenciar positivamente sua produção. Se for bonita ou feia, azul ou branca, não importa, fundamental é ser funcional e segura.
Como o objetivo dessa série de artigos é discutir os efeitos do estresse na produção e qualidade da carne, vejamos, portanto, que se o animal está bem alimentado, sob boas instalações e recebendo bom manejo, a sua produção, em tese, deveria ser maior em menor tempo e com mais qualidade.
A produção animal brasileira merece mais do que ter animais e aplicar vacinas, é preciso investir em nutrição e bem-estar para se tornar cada vez mais qualificada e competitiva para ganhar mercado.
Observe a figura abaixo:
Figura 1: Esquema de engrenagens da produção de ovinos e caprinos.

Na figura 1, observam-se três engrenagens: a primeira movimenta a segunda, que por sua vez movimenta a terceira. Na primeira engrenagem existem quatro "dentes" principais: bem-estar, sanidade, manejo e nutrição. Esta engrenagem movimenta a do tempo, ou seja, se qualquer "dente" da primeira quebrar ou gastar a engrenagem do tempo pára, e consequentemente a da qualidade.
Com este esquema quero mostrar a importância da complementaridade entre bem-estar, sanidade, manejo e nutrição no sucesso da produção animal. Ter instalações adequadas à espécie e tipo de produção facilita mais de 80% a manter e oferecer aos animais conforto, sanidade, nutrição e manejo adequado. Tendo isso, o tempo de produção é reduzido, a qualidade da carne maior, o giro de capital e o lucro são maiores.
Sabem quem movimenta e coordena o ritmo das engrenagens? Pasmem? O próprio homem! Então, vejam vocês, a eficiência econômica da produção animal é dependente da intervenção humana.
Porém, é bom salientar, como coloca Pereira (2005), que esta intervenção deve ser feita no sentido de dar conforto aos animais, propiciando-lhes o bem-estar. Isso pode ser feito de forma racional e econômica, bastando apenas do bom senso, para que o sistema, como disse anteriormente, seja funcional.
A seguir, têm-se fotos de instalações simples que os produtores podem adotar:
Figura 2: Aprisco suspenso e ripado para produção de ovinos e caprinos.

Este tipo de instalação auxilia e muito, no que diz respeito à sanidade, os animais não têm contato com as fezes, diminuindo portando casos de verminoses. Os cochos devem ser dimensionados para atenderem a todos os animais do lote.
Figura 3: Piquetes com cerca elétrica e área de descanso.

Pastagens bem formadas e com gramínea apropriada a ovinos e caprinos são o primeiro passo para o sucesso e retornos econômicos. Os animais pulam cerca ou fogem, por dois motivos principais: falta de comida ou medo. A cerca elétrica funciona desde que tenha forragem suficiente e que atenda todos os animais dentro do piquete.
Figura 4: Profissionais que sabem manejar bem os animais.

É indispensável que as pessoas que manejam os animais tenham conhecimento e satisfação de trabalhar com os mesmos. A dedicação com que o tratador demonstra é vista quando se faz a pesagem ou exames médico-sanitários nos animais e constata-se a saúde e o bom desenvolvimento ponderal dos animais.
Figura 5: Bebedouros e cochos suficientes a todos os animais.

Quando for fazer uma instalação primeiramente temos que ter um programa de metas, evolução de rebanho e capacidade da propriedade ou do sistema. Estes três pontos serão essenciais para dimensionamento das instalações. Cochos e bebedouros pequenos auxiliam no crescimento de casos de brigas e fraturas.
Portanto, as instalações devem ser acima de tudo fáceis de ser limpas, de fácil acesso, tenha água à disposição dos animais e que sejam confortáveis para todos: homem e animal.
Bibliografia consultada
PEREIRA, J.C.C. Fundamentos de bioclimatologia aplicada à produção animal - Belo Horizonte: FEPMVZ, 2005. 195p.