Figura 1 - Ovinos da raça Somalis Brasileira. Fonte: http://www.fazendainvernada.com.br/galeria.php

Silva et al. (1998) avaliaram as características: pesos e ganhos de peso, desde o nascimento até 112 dias de idade (desmame), e taxa de mortalidade em ovinos Somalis Brasileiro, criados em condições de caatinga, no Estado do Ceará. Nestes estudos concluíram que as ovelhas Somalis apresentam boa capacidade de adaptação às condições de pasto nativo, no semiárido brasileiro.
Em geral, os machos adultos pesam de 40 a 60kg e as fêmeas adultas de 30 a 50kg (http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/somalis_brasileira.htm) sendo que com o melhoramento genético estes animais podem vir a apresentar peso bem mais elevado, como na Fazenda Invernada no Ceará (Figura 1) (http://www.fazendainvernada.com.br/galeria.php). A referida raça apresenta outras características semelhantes às demais raças deslanadas (Figura 2).
Figura 2 - Características de grupos raciais de ovinos de corte indicadas para o Nordeste Brasileiro.
Fonte:http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/CaprinoseOvinos
deCorte/CaprinosOvinosCorteNEBrasil/racas.htm#topo

Barros et al. (2004) estudaram as características de crescimento de cordeiros F1 para abate no semiárido do Nordeste do Brasil, sob as condições de temperatura média anual de 28ºC, com médias mínima e máxima de 22ºC e 35ºC, e a umidade relativa média do ar de 69%. Foram utilizadas matrizes do tipo Sem Raça Definida (SRD), cruzadas com reprodutores das raças Somalis Brasileira e dois da raça Santa Inês. Os autores não verificaram diferenças entre os grupos genéticos com relação ao peso e ganho de peso (Figuras 3 e 4) e concluíram que os grupos genéticos ½ sangue Somalis Brasileira x SRD e ½ sangue Santa Inês x SRD são semelhantes quanto ao peso corporal e ao ganho em peso, do nascimento ao desmame e do desmame aos 140 dias de idade.
Figura 3 - Peso médio aos 112 (P112) e aos 140 dias de idade de cordeiros ½ sangue Somalis x Sem Raça Definida (SRD) e ½ sangue Santa Inês x SRD.

Figura 4 - Ganhos de peso médio do nascimento aos 140 dias de idade (GN140) e do desmame aos 140 dias de idade(GD140), de cordeiros ½ sangue Somalis x Sem Raça Definida (SRD) e ½ sangue Santa Inês x SRD.

Os cruzamentos com raças especializadas para produção de carne, como exemplo a raça Dorper, tem produzido bons resultados. Souza (2011) ao estudar o desempenho bioeconômico e características de carcaça de cordeiros mestiços Dorper x Santa Inês e Dorper x Somalis Brasileira, submetidos a um modelo de produção precoce, concluíram que cordeiros mestiços, oriundos de cruzamentos tendo as raças deslanadas Santa Inês e Somalis Brasileira como linha materna e a raça Dorper como linha paterna, podem ser utilizados com resultados satisfatórios para a produção de carne ovina sob o modelo biológico precoce por conciliarem bons níveis de ganho de peso e de eficiência alimentar e, reduzida idade de abate, associado a um grau de acabamento apropriado.
Considerações finais:
1 - A preservação dos recursos genéticos com elevado grau de tolerância ao calor é imprescindível para enfrentarmos os cenários futuros da agropecuária, levando-se em consideração o aquecimento global e as mudanças climáticas.
2 - O Brasil é um país de extensão continental, encontrando-se quase em sua totalidade na região tropical, estando assim sujeito aos maiores efeitos do aquecimento global, principalmente o semiárido que já apresenta condições ambientais adversas como temperaturas elevadas o ano inteiro e períodos de estiagens e secas severas. Carecendo portanto preservar as espécies e raças com maior grau de adaptação a estas condições e serem capazes de se ajustarem a situações piores e ainda produzirem satisfatoriamente.
3 - A raça Somalis Brasileira é composta por animais deslanados de elevada adaptação às condições do semiárido e que apresentam uma boa produção de carne e de pele de boa qualidade, podendo ser criada pura e apresentar bons resultados. Além disso, se mostrou uma boa raça para cruzamentos com animais SRD, como linha paterna e com raças de alta produção de carne (Dorper) como materna, produzindo bons mestiços. Dessa maneira, recomendamos maior divulgação e incentivo por parte dos órgãos governamentais, para difundir esse valioso patrimônio genético, que apresenta qualidades para produzir bem, mesmo em condições climáticas adversas.
Referências bibliográficas
BARROS, N.N.; VASCONCELOS,V.R.; LOBO, R.N.B. Características de crescimento de cordeiros F1 para abate no semiárido do Nordeste do Brasil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.39, n.8, p.809-814, 2004.
SILVA, F.L.R.; ARAÚJO, A.M.; FIGUEIREDO, E.A.P. Características de Crescimento e de Reprodução em Ovinos Somalis no Nordeste Brasileiro. Revista Brasileira de Zootecnia, v.27, n.6, p.1107-1114, 1998.
SOUZA, D.A. Desempenho bioeconômico e características de carcaça de Cordeiros mestiços dorper-santa inês e dorper-somalis brasileiro submetidos a um modelo de produção precoce. 2011. 104f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.