O objetivo deste texto é discutir a terminação de cordeiros desmamados mantidos em pastagens, as vantagens e desvantagens desse sistema.
Os dados apresentados foram obtidos a partir de experimento realizado no Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos (LAPOC) da UFPR.
O módulo em questão foi composto de 150 ovelhas numa área de nove hectares de pastagem perene de Tifton-85 sobressemeada com azevém no inverno. Como instalações consideraram-se cercas, moradia para funcionário, bebedouros, comedouros, saleiros e um depósito. As máquinas e equipamentos utilizados foram roçadeira, geladeira, misturador de ração e balança, além dos equipamentos de manejo (tesouras, brincos, etc); as máquinas para manejo de pastagem foram alugadas. Para manejo dos animais e manutenção da propriedade utilizou-se um funcionário, e nas épocas de necessidade foram contratados alguns profissionais pagando diária de serviço. Todos os demais custos, como energia elétrica, combustíveis e impostos também foram considerados. Um ano de atividade produtiva foi avaliado.
Dos cordeiros nascidos, separou-se um percentual para repor as matrizes que foram descartadas e alguns animais para venda como reprodutores(as). Os demais cordeiros(as) foram desmamados com cerca de 18 kg e mantidos em pastagem de Tifton-85 com disponibilidade de folhas de 1.890 kg de MS.ha-1, 10% PB, 71% FDN e 33% FDA. Quando os cordeiros atingiram 35 kg foram abatidos, sendo esse tempo em média 145 dias.
Abaixo está representado o percentual de contribuição de cada item no custo operacional anual. Nesse cálculo não se considerou o custo de oportunidade do capital investido.

Alimentação: custos com pastagem e suplementação das matrizes quando necessário.
Custos não-caixa: depreciação
Assim como nos demais sistemas já estudados, a mão-de-obra e a alimentação são os principais custos e representam cerca de 63% do custo operacional. Portanto, são nesses itens que devemos focar.
O custo operacional anual foi de R$ 33.946,05, o que resulta num custo por quilo de cordeiro vivo de R$ 5,52 reais.
O custo por quilo é elevado em relação aos demais apresentados. Isso pode ser explicado devido à mortalidade maior nesse sistema. Quando os cordeiros foram desmamados aos 18 kg e mantidos na pastagem sem suplementação foram acometidos por verminose com mais frequência, sendo necessário maior acompanhamento desses animais e o uso de anti-helmínticos. Mesmo com todos os cuidados, a mortalidade foi de 10% dos animais nessa fase de terminação. Portanto, houve menor número de cordeiros para dividir pelo custo de produção.
Ao analisar o custo operacional anual percebe-se que é reduzido porque não se utiliza suplemento para os cordeiros e também paga-se menos impostos, já que a receita obtida é menor devido ao menor número de cordeiros terminados.
Outro ponto a se destacar nesse sistema é que o tempo de terminação acaba sendo muito longo. Dessa forma, demora muito tempo para o produtor obter a receita.
Os cordeiros desmamados e terminados em pastagem não apresentaram bom desempenho e a produtividade desse sistema foi menor em relação aos demais estudados. No caso do estudo, é mais interessante fazer o uso de suplementação para cordeiros desmamados e mantidos em pastagem ou mesmo a manutenção desses ao pé da mãe até a terminação (resultados apresentados anteriormente). Essa avaliação é necessária em cada propriedade respeitando a peculiaridade de cada sistema produtivo. Dessa forma o produtor pode selecionar com segurança o sistema mais adequado à sua realidade.
Referências bibliográficas
BARROS, C.S.; MONTEIRO, A.L.G.; PRADO, O.R. CUSTARE. 1 CD-ROM. custare@gmail.com
CANZIANI, J. R. F. Uma abordagem sobre as diferenças de metodologia utilizada no cálculo do custo total de produção da atividade leiteira a nível individual (produtor) e a nível regional. In: SEMINÁRIO SOBRE METODOLOGIAS DE CÁLCULO DE CUSTO DE PRODUÇÃO DE LEITE, 1., 1999, Piracicaba. Anais... Piracicaba: USP, 1999.
MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997. 463 p.