Entretanto, grande parte do conflito de competição das pastagens tropicais está ao redor das plantas daninhas, um grande mal gerador de infelicidade entre os produtores e quedas acentuadas da produtividade das pastagens. As principais causas da degradação das pastagens envolvem desde a escolha da espécie ou cultivar de forrageira, para determinada região e sistema de produção, seguido do estabelecimento deficiente com preparo inadequado do solo, ausência de calagem e adubação, baixa qualidade da semente e baixa densidade de semeadura, até o mau manejo da espécie forrageira, principalmente o superpastejo. Como todo empreendimento, a implantação de pasto também deve ser planejada.
Considerando o uso de produtos químicos para controle de plantas indesejáveis, algumas dificuldades acabam despontando. O preço elevado dos herbicidas associado ao uso indevido dos mesmos, tem deixado a desejar. Isso ocasiona aumento de custos, em função das doses aplicadas por hectare, preocupação que vem se acentuando nas pastagens tropicais comumente utilizadas na produção de carne e leite. O uso intenso que se faz dos herbicidas em pastagens, as doses dos ingredientes ativos indicados e a provável existência de resistência das plantas infestantes às moléculas existentes no mercado, bem como a indiferença dos pecuaristas em receber consultoria técnica para planejar o manejo dos agrotóxicos em pastagens, justificam pesquisas nesta área.
A eficácia de um herbicida aplicado às folhas das plantas daninhas está estreitamente relacionada à magnitude do processo de absorção. Deuber (1982) cita estudos feitos com vários herbicidas, mostrando que a absorção é limitada pela quantidade do produto que atravessa a cutícula da folha sendo influenciada pelas condições ambientais onde a planta daninha está se desenvolvendo. Segundo Devine et al. (1983), a umidade do solo, a temperatura e a umidade relativa do ar interferem no comportamento dos herbicidas nas plantas.
De acordo com Marchi et al. (2008), os herbicidas são classificados em aqueles aplicados no solo (que se movem dentro da planta, das raízes para as folhas), aqueles aplicados às folhas, que chamamos de contato, que reagem rapidamente no ponto aplicado e os sistêmicos que movimentam-se das folhas para os pontos de crescimento.
Considerando a formação ou reforma de uma pastagem, geralmente ocorre a germinação da sementeira ou rebrote das plantas invasoras, como também da gramínea forrageira. Não se pode permitir que plantas daninhas atrasem a formação da pastagem impedindo que seja atingido sua plena capacidade de suporte.
Alguns autores recomendam que a aplicação de herbicidas pode ser feita entre 30 e 40 dias após a germinação ou ocorrência de rebrote das invasoras de folha larga (atingido por herbicidas específicos). Essa prática é econômica e viável, levando-se em conta as pequenas doses de produtos utilizados e a eficiência do controle nessa fase de desenvolvimento da maioria das invasoras. Nos casos de pastagens estabelecidas e com boa cobertura de solo, a aplicação pode ser feita em área total ou de forma dirigida em função do índice de infestação.
Ainda, segundo alguns autores, se as invasoras atingirem porte muito elevado ou plantas próximas à florada, recomenda-se o controle mecânico associado, efetuando uma roçada, cerca de 40 a 60 dias antes da aplicação do herbicida. Essa prática garante eficiência e economia com a redução na quantidade do herbicida utilizado em função do rebrote ter maior atividade de circulação de fotoassimilados ou ainda substratos, acelerando e aumentando a eficiência dos herbicidas.
Plantas invasoras competem com as gramíneas forrageiras por alguns fatores essenciais como água, luz, nutriente, e espaço, mais eficientes no uso desses fatores. Isso se deve à melhor adaptação daquelas espécies ao ambiente, já que são naturais da região onde se encontram, além de apresentarem um sistema radicular mais profundo e arquitetura mais eficiente das folhas.
A escolha dos herbicidas depende das espécies de plantas daninhas existentes na área, bem como de seus estádios de desenvolvimento e época de aplicação. O efeito de um herbicida ocorre em função da absorção, translocação, suscetibilidade e metabolismo da planta em relação ao mesmo, desta forma a dose requerida bem como a formulação química adequada varia de acordo com cada espécie, de seu estágio de desenvolvimento, e atividade. Para tanto, o planejamento do controle químico de uma pastagem incluindo o herbicida a ser utilizado, dose e forma de aplicação, depende de vários fatores quais sejam: condição de pastagem, identificação das plantas invasoras, tipo de folhagem, estágio de desenvolvimento e índice de infestação (NUNES,2001).
Dentre os herbicidas mais utilizados em pastagens cultivadas no Brasil está o 2,4-D (conhecido para folha larga) do grupo químico dos fenoxiacéticos que é absorvido pelas folhas, raiz, e caule. Esse tipo de herbicida combate plantas daninhas dicotiledôneas herbáceas e semi-arbustivas, em torno de 20 a 40 dias após emergência, quando elas estiverem em pleno crescimento vegetativo.
Existem ainda alguns herbicidas que são chamados de seletivos, ou ainda que algumas gramíneas forrageiras são tolerantes e podem ser aplicados na área em sua totalidade. São vários os produtos no mercado, no entanto merecem cautela e acompanhamento de um técnico para que seja estudado caso a caso. Para isso, o produtor deve estar atento ao momento certo da aplicação, daí a necessidade da presença do técnico resultando em maior eficácia da aplicação.
Ainda existem os que chamamos de mata mato (Glyphosate ®) ou dessecantes utilizados para dessecação das áreas de modo geral, matando a vegetação, tanto de folha estreita ou larga, termos comumente utilizados, sendo sua absorção como foliar. É utilizado para exterminar toda vegetação, ou ainda utilizado em reboleiras para combate a invasoras que invadem a pastagem da mesma forma. Assim, considera-se que o uso destes herbicidas funcionem de forma localizada, ou ainda nas entrelinhas, quando feito de forma oportuna.
De modo geral, existem no mercado, produtos eficazes e fabricantes idôneos para quase todo tipo de situação. No entanto, a dosagem, forma e momento de aplicação devem ser criteriosos. Somente assim, a eficiência do processo aparecerá. Para tanto, o correto manejo e a implantação bem feita da pastagem, economizam estas etapas do sistema.
Literatura consultada
DEUBER, R. Controle de plantas daninhas na cultura da soja. In: FUNDAÇÃO CARGIL. A soja no Brasil Central. 2. ed. Campinas: 1982. p. 367-392.
DEVINE, M. D. et al. Temperature effects on glyphosate absorption, translocation and distribution in quackgrass (Agropyron repens). Weed Science, Champaign, v. 31, p. 461-464, 1983.
MARCHI, G.; MARCHI,E.D.S.; GUIMARÃES, T. G. Herbicidas: mecanismos de ação e uso. Documento Técnico 227 - EMBRAPA Cerrado, Planaltina, DF. 2008.
NUNES, Saladino Gonçalves Controle de plantas invasoras em pastagens cultivadas nos Cerrados / Saladino Gonçalves Nunes. -- Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, 2001.
SOUZA NETO, J.M.; PEDREIRA, C.G.S. Caracterização do grau de degradação de pastagens. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 21., 2004, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 2004. p. 7-31.
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