A estação de monta é uma prática de manejo de baixo custo e de aplicação relativamente fácil que permite maximizar a eficiência reprodutiva, concentrar e otimizar a mão-de-obra do ciclo produtivo e ainda, possibilita maior homogeneização e disponibilidade de lotes de cordeiros de forma a atender as demandas de mercado. Assim, para a escolha do momento adequado à realização da estação de monta deve-se considerar o objetivo da exploração (leite ou corte), a época do ano mais favorável para as coberturas e principalmente, ao terço final da prenhez e ao nascimento das crias. Dessa forma, devem-se ponderar as características climáticas, a disponibilidade de alimentos, a estacionalidade reprodutiva dos animais e as necessidades de mercado. O número de estações de monta a serem realizadas ao longo do ano pode ser aumentado de forma a intensificar a eficiência e produtividade do rebanho, pela redução do intervalo entre partos.
A duração da estação da monta varia entre 45 - 60 dias, e as técnicas de acasalamento utilizadas podem ser monta natural, monta natural controlada e inseminação artificial. O controle zootécnico adequado é possível quando se adota uma das duas últimas técnicas citadas, permitindo a identificação e o monitoramento das coberturas.
Práticas de manejo como o sistema de marcação dos machos auxiliam no controle zootécnico reprodutivo dos animais em estação de monta a um baixo custo e fácil manejo. Esse sistema consiste na colocação de buçal marcador ou mesmo uma mistura com graxa colorida no peito dos machos. Essa prática pode facilitar o manejo, já que não requer que os animais sejam manejados diariamente, sendo apenas necessário revisar periodicamente a integridade do buçal marcador ou ainda repor à graxa de marcação. Assim, o sistema permite a identificação das fêmeas que manifestaram estro e as montas ocorridas, facilitando o monitoramento e controle da reprodução.
Em estação de monta que se utiliza a monta natural controlada, o emprego do sistema de marcação dos reprodutores permite o controle básico dos acasalamentos, de modo a gerar informações como a identificação das fêmeas mais férteis e fêmeas não prenhes, possibilitando o descarte controlado e a previsão de partos, resultando em uma maior eficiência reprodutiva futura. Além disso, o sistema de marcação pode auxiliar na identificação da paternidade das crias, pois, apenas fêmeas marcadas com a cor empregada durante a cobertura pelos reprodutores podem ter filhos destes.
Na estação de monta em que se utiliza a inseminação artificial, um dos maiores obstáculos é a observação de estro, já que mais ou menos 50% das fêmeas em estro não são identificadas pelos observadores. Assim, o uso de rufiões facilita esse manejo, além de intensificar o percentual de detecção das fêmeas em estro. Com o emprego do sistema de marcação dos rufiões essa identificação é ainda mais facilitada, de modo que, com apenas duas ou três rápidas observações do lote ao longo do dia, pode-se identificar as fêmeas que estão em estro, ou seja, aquelas fêmeas que aceitaram a monta e ficaram marcadas com a tinta do rufião. Desse modo, permite-se a determinação do momento ideal para a realização das inseminações artificiais. Lembrando-se que essas devem ser realizadas 12 horas após o início da aceitação de monta, ou seja, fêmeas observadas em estro pela manhã devem der inseminadas pela tarde e as que manifestaram estro pela tarde, inseminadas na manhã do dia seguinte.
O sistema de marcação dos reprodutores ou rufiões pode ainda ser realizado com a substituição das cores do buçal marcador ou das graxas de forma sistemática. Assim, a cor da tinta usada deve ser trocada a cada 15 dias, devendo-se selecionar uma seqüência de cores da mais clara à mais escura, de modo a evitar a sobreposição de tintas que possam prejudicar a identificação das cores caso uma fêmea seja montada repetidas vezes e fique marcada com várias cores. Um exemplo de seqüência de cores a ser usada é: amarelo - verde - azul - vermelho, conforme apresentado na Figura 1. As cores devem ser selecionadas considerando a coloração das pelagens ou lãs dos animais, a fim de evitar ofuscamento das cores de marcação pela cor dos animais. A interpretação das marcações é fácil e permite obter diferentes informações. As fêmeas que foram marcadas apenas por uma cor, manifestaram estro e foram cobertas ou inseminadas e deverão iniciar os partos aos 145 dias a partir do início das coberturas do período da cor que foram marcadas.
As fêmeas marcadas em amarelo, pela seqüência proposta neste artigo, foram cobertas no início da estação de monta e deverão parir antes das fêmeas marcadas com uma das outras cores da seqüência. Ainda é possível identificar fêmeas que não emprenharam ao primeiro serviço ou tiveram morte embrionária/fetal durante a estação de monta, pois essas fêmeas seriam marcadas com duas cores, indicando que retornaram ao estro e foram novamente montadas/cobertas/IA. As fêmeas que ao final da estação de monta não foram marcadas por nenhuma das cores, possivelmente apresentam problemas e não emprenharam.

Com essas práticas de manejo podem-se identificar corretamente as fêmeas que manifestaram estro ou foram cobertas, as que retornaram ao estro e foram novamente identificadas ou cobertas, e as fêmeas que não manifestaram estro durante a estação de monta. Desse modo, a eficiência reprodutiva é incrementada, pois o acompanhamento é intensificado, possibilitando o controle da ciclicidade das fêmeas, suas coberturas, retornos ao estro, fêmeas mais férteis ou com problemas e não emprenharam e ainda, prever as datas possíveis para os partos.
Com estas informações o produtor pode dividir o rebanho por lotes de partos, em função das cores, desta forma propiciando maior atenção às ovelhas que vão parir em cada período, o que é fundamental para garantir a sobrevivência das crias. Contudo, além do controle reprodutivo, essas informações são indispensáveis para programação de todas as etapas do sistema de produção, de modo a garantir melhoria do desempenho zootécnico e econômico do rebanho.