Para evitar esses entraves na produção de ovinos e caprinos faz-se necessário o uso de um adequado protocolo de vermifugação. Porém, a falta de informação de alguns produtores, vermifugando indevidamente os animais com o uso contínuo ou em subdoses de um determinado antiparasitário, pode ocasionar o surgimento da resistência anti-helmíntica. A falta de orientação ainda pode levar a ocorrência de intoxicações dos animais por superdosagem, ao achar que alcançará um resultado mais eficiente no rebanho.
Existem vermífugos com diferentes compostos e mecanismo de ação para determinado tipo ou mais de um tipo de parasitismo. Closantel é um antiparasitário que tem ação contra Haemonchus contortus, Fasciola hepática e Oestrus ovis. Esse antiparasitário pode ser aplicado por via intramuscular ou fornecido via oral, utilizado principalmente em bovinos, ovinos e caprinos. Quando esse composto é administrado em doses superiores às recomendadas, causa cegueira, com degeneração da retina e edema intramielínico do nervo óptico e outras áreas do sistema nervoso central resultando em incoordenação motora e em alguns casos, até morte.
A intoxicação por closantel afeta tanto ovinos e caprinos e ocorre acidentalmente quando o produto é utilizado em sobredosagem. Porém a intoxicação pode ocorrer também em rebanhos tratados com as doses recomendadas, só que calculadas com base no animal mais pesado.
Quando a dose é de 2 a 5 vezes maior que a recomendada, os sinais clínicos caracterizam-se por cegueira, dilatação da pupila, e o animal pode começar a andar em círculos. A cegueira aparece em 2 dias a 2 semanas após a administração. Quando a dose é 10 vezes superior, pode-se observar, além dos sinais anteriores, depressão acentuada, gemidos, paralisia dos membros, dor abdominal, o animal fica deitado, fraqueza, e cegueira bilateral.
Algumas alterações podem ser observadas em alguns órgãos como os olhos, coração, rins, fígado e algumas regiões do sistema nervoso.
Figura 1 -Dilatação acentuada de pupila, na intoxicação por closantel (Fonte: Furlan et al., 2009).

O closantel apresenta uma pequena margem de segurança. O seu uso nas mães e nos filhotes lactentes ao mesmo tempo, pode levar a intoxicação dos filhotes devido a dosagem adicional pela ingestão de leite.
Não há tratamento eficiente para os animais intoxicados e a cegueira é permanente. No entanto, outros sinais nervosos podem ser parcialmente reversíveis. Para prevenir a intoxicação deve-se calcular corretamente a dose de closantel à ser aplicada, tomando cuidado com animais de menor peso e mal nutridos.
Referências bibliográficas
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FURLAN, F.H.; LUCIOLI, J.; BORELLI, V.; FONTEQUE, J.H.; STOLF, L.; TRAVERSO, S.D.; GAVA, A. Intoxicação por closantel em ovinos e caprinos no Estado de Santa Catarina. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 29, n. 1, 2009.
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