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Preço da lã subirá em 2014 por causa do aumento da demanda

postado em 20/01/2014

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O presidente da Organização Internacional de Lã, Peter Ackroyd, garantiu que o preço da lã aumentará em 2014 como consequência de um aumento na demanda, provocada principalmente por usar mais lã nas roupas.

Em sua visita ao Uruguai, onde participou de uma conferência na Câmara Mercantil de Produtos do país, Ackroyd disse que o crescimento econômico que se estima esse ano em importantes mercados consumidores, como Estados Unidos, Europa e diferentes países emergentes, fará com que as vendas de roupas de lã aumentem. A boa notícia é que também cresceria a demanda por lã suja, o que contribuiria com o aumento nos valores do produto.

“A lã é a fibra do futuro por suas qualidades naturais e por sua sustentabilidade, entre outros aspectos. Isso está tornando o produto muito importante em diferentes mercados”, disse o presidente da Organização Internacional de Lã.

Ele disse que não estima um aumento da produção em curto prazo. De todas as formas, disse que se os valores que se afirmarem como está projetado, isso faria com que, nos próximos anos, ocorra um aumento na produção de lãs nos diferentes países produtores dessa matéria-prima.

Após visitar estabelecimentos e outros setores da cadeia de lã local, Ackroyd afirmou que o Uruguai está muito bem posicionado no que diz respeito ao bem-estar animal. “Estão sendo cumpridas as condições que o consumidor requer no que diz respeito à sustentabilidade e não contaminação. No bem-estar animal, o Uruguai está em primeiro nível mundial e cumpre todos os requisitos substanciais que os consumidores demandam de forma cada vez maior no que diz respeito a um bom tratamento dos animais”.

Por sua vez, esses aspectos são vitais para realizar as campanhas de marketing necessárias para posicionar a lã da melhor forma nos diferentes mercados, disse ele. “O Uruguai é o único país produtor de lã que tem todos os setores da cadeia dentro de suas fronteiras. Isso deve ser ressaltado, já que não ocorre em outras nações concorrentes”.

Por outro lado, a secretária do grupo Marcas e do grupo de trabalho de Práticas Sustentáveis do comitê de Sustentabilidade da Organização Internacional de Lã, Elisabeth van Delden, disse que se trabalha de forma intensa para que as novas gerações de consumidores sejam conscientes sobre os benefícios da lã. Por outro lado, também se enfatiza que os novos designers de moda utilizem lãs em suas coleções, o que tem muito êxito em países de vanguarda nesse tema, como Inglaterra e França, disse Van Delden.

No entanto, o presidente do Secretariado Uruguaio de Lã (SUL), Joaquín Martinicorena, disse que as considerações das autoridades da Organização Internacional de Lã são uma amostra de que se estaria saindo da baixa nos valores registrados nas últimas campanhas. “Embora não se prognostiquem que se cheguem aos preços historicamente elevados registrados em 2011/12, estima-se que os valores aumentariam. Nos últimos remates da Austrália, os preços se ajustaram para baixo, mas cremos que, entre os meses de abril e maio, haverá um aumento”.

Martinicorena também disse que a queda na demanda internacional enquanto a oferta interna de lãs aumentou foi chave para essa queda nos preços locais. “Como consequência da baixa nos preços no mercado de bovinos, muitos produtores que têm ambos os animais em seus estabelecimentos decidiram não vender seus bovinos e, por sua vez, comercializar as lãs que estavam em suas mãos, para assim, obter capital fresco”.

Os ovinos impulsionam os estabelecimentos agropecuários, porque não somente produzem lã, mas também, carne. As boas perspectivas para esse setor, ante uma crescente demanda da China e do Brasil, onde, como consequência da Copa do Mundo de Futebol, aumentaria em 80%, anima os produtores a produzir mais. Nos últimos anos, os produtores mostraram uma forte retenção de ventres para aumentar o rebanho.

O mercado uruguaio de lãs, que está atualmente com muito pouca operação, retomaria as vendas após o recesso da China – que vai do fim de janeiro a 15 de fevereiro – por causa do ano novo lunar, disse o presidente da União de Consignatários e Rematadores de Lã, Ricardo Stewart.

“Os valores estão em baixa devido à desvalorização que está ocorrendo na Austrália. Localmente, os produtores não estão complacentes com os preços que estão sendo pagos e, pelo menos no momento, não são partidários de vender suas lãs aos preços oferecidos pela indústria”, disse Stewart. Ele disse que as cotações que se oferecem hoje são, para lãs da raça Corriedale, entre US$ 3,10 e US$ 3,15 por quilo, quando semanas atrás, os preços eram de US$ 3,25 e US$ 3,30. Nas lãs finas da raça Merino diretamente não há preços de referencia, quando antes do fim do ano se pagavam em torno de US$ 6,50 por quilo.

“Hoje, os produtores não são partidários de vender se não se pagam preços próximos a US$ 7 por quilo para Merino e de entre US$ 3,30 e US$ 3,40 para Corriedale. O problema é que a alegria econômica já passou e, nas próximas semanas, muitos deles deverão enfrentar diferentes gastos sem ter o respaldo financeiro necessário”. Isso certamente fará com que devam vender, mesmo sem os preços os agradando, sem esperar que os números melhorem. Stewart também disse que atualmente ainda falta comercializar cerca de 50% da lã tosquiada na atual safra, da qual se estima que entre 10% e 15% ficarão como remanescente para a próxima campanha.

A reportagem é do El País Digital, adaptada pelo FarmPoint.

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