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Expectativas de preço para 2011 e Cotação mensal do preço do cordeiro - nº 1

postado em 24/01/2011

7 comentários
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No último dia 12, o FarmPoint publicou um artigo sobre mercado e perguntou aos leitores Como o preço da carne ovina se comportará em 2011. Várias pessoas deixaram a sua opinião e a discussão foi bastante construtiva. Aproveitando o debate, o FarmPoint também cotou o preço do cordeiro em alguns estados brasileiros através de contato com frigoríficos e órgãos estaduais que realizam esta pesquisa.

Cotação



* Fonte: Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), Emater/RS, Jornal O Estado de São Paulo, Secretaria da Agricultura, da Pecuária e do Desenvolvimento Agrário (Seagro), Centro de Abastecimento Alimentar de Pernambuco (Ceasa), frigoríficos dos estados participantes, cooperativas e associações de criadores. PS: cotação realizada de 19 à 21 de janeiro de 2011

Como o preço se comportará em 2011?

Em comentário exclusivo enviado ao FarmPoint, Robson Leite, presidente da fornecedora de carne de ovinos Savana, comentou que os preços começaram o ano com baixa devido ao pico da safra de cordeiros uruguaios, no entanto, para a surpresa e felicidade de todos, os preços na semana passada subiram novamente e se mantém nos patamares do início de dezembro: cordeiros R$ 4,20 a R$ 4,80 kg/vivo, ovelhas descarte a R$ 2,50 kg/vivo e carcaças/cordeiro variando entre R$ 10,00 a R$ 14,00 dependendo da qualidade das mesmas. "Estamos prevendo grandes dificuldades a partir de abril, pois a redução do rebanho no Uruguai foi maior do que o previsto e muitos produtores aproveitaram a alta dos preços de 2010 e venderam suas matrizes. Com isso, deve faltar muito cordeiro, o que, consecutivamente, impactará nos preços desses animais".

Eduardo Amato Bernhard, médico veterinário e diretor técnico da Associação dos Criadores de Ovinos Naturalmente Coloridos (ABCONC), de Porto Alegre/RS, acredita que para 2011 ainda teremos preços nos mesmos patamares registrados em 2010, principalmente porque não acredita que os preços elevados, irão, de uma hora para outra, provocar uma oferta maior ao mercado. "A ovinocultura brasileira não está estruturada para responder a curto prazo a essa demanda, além do reduzido número de fêmeas para reposição, já que muitas vem sendo abatidas atualmente".

De acordo com Bruno Fernandes Sales Santos, produtor de ovinos, mestre em zootecnia, da Aries Reprodução e Melhoramento Genético Ovino - Abacus BioLimited, todos estão cientes que existe uma alta demanda internacional por carne ovina, no mundo inteiro. "China, East Ásia e os países do Oriente Médio elevaram muito o consumo de carne ovina (cordeiro e mutton) o que "compensou" as supostas reduções nas importações por parte dos EUA e Europa durante a última crise mundial, o que na realidade não ocorreu. A redução dos rebanhos da NZ e Austrália contribuíram muito para a redução da oferta mundial e estes países ainda não se recuperaram (sobretudo a Austrália), porém apresentam alta capacidade de recuperação pois possuem rebanhos altamente eficientes e tecnologia de produção/processamento que já está sendo colocada em prática para atender a demanda. Os preços no Brasil irão se manter em alta sem dúvida devido à baixa oferta, porém, estamos dependendo enormemente da importação do Uruguai para manter a demanda em alta. Se a redução das importações forem muito significativas e o produto parar de chegar ao consumidor, teremos queda na procura devido à dificuldade de encontrar o produto, o que seria muito negativo. Assim, a perspectiva é muito boa, porém o desafio é muito grande".

A expectativa de Marcos Antônio Camilo de Camargo, analista de sistemas, de Hortolândia/SP, é que a alta continue. "O mercado está se estabelecendo e os produtores já oferecem produtos muito melhores que um ano atrás. Entretanto, os preços divulgados pelos órgãos de pesquisa, a meu ver, estão longe da realidade que vejo no Estado de São Paulo. Eu comercializo meus cordeiros vivos para compradores da região de Campinas/SP e não aceito e também não encontro para compra cordeiros com valores abaixo de R$ 6,00 o quilo vivo".

Nei Antônio Kukla, técnico em agropecuária, administrador de empresas e especialista em agronegócios de Porto União/SC acredita que em função de alguns fatores ocorridos recentemente como o aumento pela demanda da carne de cordeiro, a diminuição do fornecimento da carne pelo Uruguai, além do decréscimo de alguns rebanhos ou abates como na Nova Zelândia por exemplo, puxados pela "febre" que espalha-se em torno da cadeia produtiva neste momento, os preços tendem a permanecer nos patamares atuais, ou seja, R$ 4,50 a R$ 5,50 o kg vivo. "Devemos ter cautela nos investimentos, pois se ocorrer o aumento demasiado em rebanhos e aumentar a oferta da carne sem termos o consumidor preparado para recebê-la (apesar de hoje haver mais procura que outrora), poderemos ter até o fim do ano uma queda de preços, neste caso".

Já Walter Rogério Diesel, um dos proprietários da Cordeiro Real, de Goiânia/GO, comentou que um animal comprado a R$ 5,00/kg vivo, com 42% de rendimento de carcaça quente, com grau de sangue muito voltado para o Santa Inês fica a aproximadamente R$ 11,80 a R$ 12,00 por kg de carcaça quente pago ao produtor. "Se fossemos pagar por carcaça, como é feito com bovinos, é assim que seria o preço equivalente: R$ 175,00 a R$ 180,00 por arroba. Nesses patamares não tem como vender carne em grande volume, pois o consumo fica restrito às classes de renda mais altas. Acredito que esses preços durem no máximo até o final do primeiro semestre, mas percebo sinais de queda. O preço ideal para a cadeia, a meu ver, seria 3,80 a 4,00 o kg, para animais de qualidade, não para gabiru".

Preços pagos ao produtor x preços nos supermercados

Eldar Rodrigues Alves, sócio proprietário da Cabanha King Size, de Curitiba/PR, comentou que numa rede de hipermercados em Curitiba a paleta de cordeiro produzida na região Sul estava custando R$ 36,00/kg e a costela R$ 17,00. "Sabemos que, provavelmente, essa carne não é proveniente de raças com aptidão para carne, que teoricamente deve ser mais valorizada. No máximo, são cruzamentos de raças laneiras. Concordo que a carne de cordeiro não deve, e nem pode, ser popularizada, porém, não pode ser o preço um fator proibitivo. Onde está a diferença, já que é pago ao produtor R$ 5,00 e nas gondolas R$ 36,00?" Concordando, Nei Antônio Kukla citou que as distorções encontradas nos preços pelas peças de cordeiro são abusivas. "Realmente é impossível entender aonde estão os R$ 31,00 de diferença. Vejam bem, se este preço é praticado no supermercado, especialmente em grandes centros como é o caso de Curitiba, significa que há clientes dispostos a pagar este montante, mas e o produtor? Não precisaria receber um pouco mais, já que é ele quem produz a matéria-prima?"

Preços pagos ao produtor x preços pagos pela indústria

De acordo com Ricardo José de Almeida Silva, sócio proprietário do Confinamento Hovinotel Vale do Sol, de Sinop/MT, os produtores deixam os poucos frigoríficos darem preços aos animais. "Vendo cordeiros de até 120 dias, animais de excelente qualidade, mas fico obrigado a vender minha produção pelo mesmo preço daquele que só cria por lazer ou para atravessadores. Temos que fazer uma política mútua de fidelidade com os abatedouros e eles com nós, maximizar nossos rebanhos na certeza de saber para quem vender, não ficar a mercê e ter que pedir "pelo amor de Deus, comprem meus animais". Este processo baixaria muito nossos custos".

Cristiane Rabaioli, zootecnista e diretora da Estância Celeiro, de Rondonópolis/MT, destacou que temos que buscar um equilíbrio de preços que compensem para a indústria e para o produtor. "De nada adianta se pagar R$ 5,00 o kg do cordeiro ao produtor, e essa carne chegar a gôndola do mercado com um preço que iniba a compra pelo consumidor, assim, estaremos trocando 6 por meia dúzia, pois o consumo reduzirá em função do alto preço, consequentemente, a compra também. Tem-se que enxergar a viabilidade para a indústria, pois ela é a compradora. E isso talvez seja um dos "senões" da atividade, já que o produtor não encontra viabilidade no preço que a indústria paga e a indústria não encontra resultado no preço que o produtor quer vender".

Bruno Fernandes Sales Santos comentou que a perspectiva para o mercado ovino é muita boa, porém, o desafio é muito grande. "O Brasil precisa desesperadamente de algumas medidas e na minha opinião, uma delas é o entendimento entre processadores e produtores, no sentido de produção de qualidade e remuneração justa, sem prejuízos para nenhuma das partes. Distribuir os lucros através da cadeia seria a melhor maneira de estimular a estruturação da mesma".

Preço x qualidade

Selym Leime Filho, diretor da TSL Engenharia, de São José dos Campos/SP, opinou dizendo que os produtores devem produzir um produto de qualidade e buscar um diferencial de preço para estes animais. "Vejo hoje alguns produtores em nossa região trabalhando para fazer um animal super precoce e na hora de comercializar, recebem o mesmo valor".

Walter Rogério Diesel, destacou que em Goiânia está um caos, pois os produtores de Goiás não têm tradição na criação de ovinos e falta-lhes experiência, por isso, também, não procuram aperfeiçoar a qualidade. "No Cerrado só se consegue "cordeiro" (vejam que está entre aspas) com 7 a 10 meses. Daí não se tem a mesma qualidade do cordeiro jovem (até 150 dias). Estou quase desanimando de comprar cordeiros pagando caro (R$ 5/kg) para animais de baixa qualidade. Quando se põe os custos de logística, processo industrial e tributação tem que se vender os cortes acima de R$ 20,00, do contrário dá prejuízo. Na mesma linha, Cristiane Rabaioli comentou que a grande preocupação é mesmo a falta de qualidade, pois a maioria do mercado (pelo menos os clientes que ela atende no MT) já reconhece o que é um cordeiro e uma carne de qualidade.

Bruno Fernandes Sales Santos acredita que uma das medidas necessárias é um sistema de classificação e tipificação de carcaças baseado em qualidade, rendimento, peso, acabamento e idade. "Assim, teremos o norte do que produzir, como e quanto poderemos receber baseado no tipo de produto em cada uma das regiões específicas e suas diferentes características".

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Equipe FarmPoint

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Comentários

Leonardo Rohrsetzer de Leon

Bagé - Rio Grande do Sul - Produção de ovinos de lã
postado em 24/01/2011

Contribuindo com a colocação do Eldar, sugiro ao FarmPoint promover um estudo sobre os R$31,00 e assim sabermos se o produtor é o que menos ganha na cadeia produtiva.

Fabiana Alves de Almeida

Araçatuba - São Paulo - Pesquisa/ensino
postado em 25/01/2011

É senhores, a falta de padronização e uma cadeia produtiva organizada, são os entraves para a produção ovina no Brasil, precisamos oferecer aos consumidores produto de qualidade e com preço acessível.

eldar rodrigues alves

Curitiba - Paraná - governo
postado em 27/01/2011

sugiro ao farmpoint que lançe ao debate o tema PADRONIZAÇÃO DE CARCAÇA ,acho que falta entendimento sobre o tema, pois muitas vezes se ve é criador de determinada s raças quererem manipular de forma dendenciosa esse tema
obs : essa sugestao nao tem nada a ver com com a colocação da Fabiana

Kelly Louveira

Bragança Paulista - São Paulo - Distribuição de alimentos (carnes, lácteos, café)
postado em 04/02/2011

Muito legal essa compilação de dados. O bom, eh que produtores que estão dia a dia na atividade participam destas enquetes deixando o ar real na coisa. Abraços a equipe

Henrico Dinapolli

Santa Maria - Rio Grande do Sul - Produção de ovinos
postado em 06/02/2011

é, a cotação da minha região bateu com a de vocês. legal o trabalho., abs

Selym Leime Filho

São José dos Campos - São Paulo - OUTRA
postado em 18/03/2011

o Farmpoint poderia informar os frigorificos que foram contactados bem como seus respectivos telefones, para fazerem a média de preço do Cordeiro?

Att.

Vander Rosalino Ribeiro

Cacoal - Rondônia - Produção de leite
postado em 21/03/2011

Primeiro gostaria de parabenizar a equipe FarmPoint pelo excelente trabalho que vem desenvolvendo para melhor informar a todos que se interessam pelo assunto, em especial os produtores. Sou novo nessa area, tenho propriedade em Rondônia e sei bem como são as dificuldades para se criar e vender visando lucros com facilidade. Concordo que muitas informaçoes ainda devem ser repassadas para aqueles produtores que nao tem uma assessoria disponivel para a criação de ovinos. Entretanto é uma vergonha você ir ao supermercado e encontrar um pernil de cordeiro a R$ 30,00, sendo que o custo de produção de animais de qualidade e alto em relação ao que querem pagar.

Creio que esse cenário irá mudar logo em breve, pois muitos produtores em diferentes estados, já estão se mobilizando para melhor desenvolvimento da Caprino&Ovinocultura.

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