A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), protocolou nesta terça-feira uma denúncia contra o ministro de Meio Ambiente, na Procuradoria-Geral da República por crime de responsabilidade. A CNA já havia publicado uma nota repudiando a tentativa do ministro, segundo a CNA, de desqualificar os produtores rurais. "(...) Acusar aos brados integrantes de relevante setor da economia brasileira de "vigaristas" e "capeta" denuncia ausência de condições para exercer o cargo", justifica a CNA.
A presidente da CNA considerou o ato do ministro "inaceitável". "Um funcionário público, que usa o posto que lhe foi confiado pelo Presidente da República para desconstruir toda e qualquer ponte em direção ao diálogo com a classe produtiva, deve responder pelos seus atos em todas as instâncias", diz a nota. "A construção de um Brasil ecologicamente responsável está sendo buscada pelo consenso. Ofensas e palavrões são intoleráveis", continua.
O documento redigido pela CNA aponta ainda que os produtores rurais reafirmam ao País o compromisso com a preservação ambiental e com a manutenção da produção de alimentos. "O que não se admite, e não se pode admitir, é que o ministro do Meio Ambiente tente camuflar a solerte intenção de estabelecer o confronto no setor rural brasileiro, mostrando-se desqualificado para o cargo que ocupa."
A senadora argumenta que o ministro teria faltado com a dignidade e o decoro que o cargo requer. "Não vamos aceitar mais nada passivamente. Vamos tentar recuperar a honra e a imagem dos produtores que foi afetada por meio das palavras grosseiras que o ministro do Meio Ambiente disse", afirmou. Durante entrevista coletiva, a senadora mostrou-se decepcionada com a atitude do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao episódio e disse que esperava atitudes mais contundentes do governo em relação às palavras proferidas por Minc. "Eu quero que ele seja punido. Se fosse eu, você ia ver o que ia fazer, eu o demitia."
Frente Parlamentar
A Frente Parlamentar da Agropecuária aprovou nesta terça-feira (2/6), na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, o requerimento 397/2009, que convoca o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, a dar explicações sobre as declarações de que a bancada ruralista era formada por vigaristas.
Antes da votação do requerimento, os parlamentares repudiaram a postura do ministro. O vice-presidente da FPA para a região Norte, Moreira Mendes (PPS/RO), defendeu a exoneração do ministro. "O Brasil precisa de autoridades que tenham responsabilidade com os cargos que ocupam", justificou.
Para o vice-presidente da FPA para a região Sul, deputado Luis Carlos Heinze (PP/RS), Carlos Minc usou de demagogia para incitar os agricultores e ruralistas. Segundo Heinze, vigaristas são aqueles que querem entregar as terras brasileiras para os estrangeiros. "Nós da Frente Parlamentar da Agropecuária é que defendemos o verdadeiro agricultor, seja pequeno, médio e grande", frisou.
Na opinião do vice-presidente para a região Sudeste, deputado Duarte Nogueira (PSDB/SP), Carlos Minc ofendeu a liturgia que o cargo de ministro do Meio Ambiente exige. "O ministro ainda está vivendo o dilema de 30 anos atrás entre preservar ou produzir. Temos que preservar com sustentabilidade econômica", argumentou.
Ao lamentar a declaração, o presidente da Frente, deputado Valdir Colatto (PMDB/SC) disse que o ministro deve se preocupar com as 17 favelas cariocas que estão em unidades de conservação. "É muito mais fácil atacar o pequeno produtor, que fica com a enxada na mão do que cuidar dos problemas ambientais do Rio de Janeiro", salientou.
Minc
O ministro Carlos Minc reagiu à denúncia feita contra ele pela senadora e presidente da CNA, Kátia Abreu. "O fato de os ruralistas estarem preocupados com a minha permanência do ministério me faz achar que estou no caminho certo", completou Minc. "Podem me insultar e pedir minha cabeça que vou continuar governando, vou continuar coibindo os vossos crimes ambientais".
O ministro atribuiu a denúncia ao desespero dos ruralistas. "Essa tensão começou quando nós impedimos eles [os ruralistas] de esquartejar a legislação brasileira e conseguimos refazer o acordo histórico entre a agricultura familiar e os ambientalistas. A CNA perdeu uma margem que ela tinha de manobra, eles estão desesperados e querem me tirar do governo", afirmou.
Minc disse que os ruralistas não mandam no país e por isso não determinam quem entra ou sai do governo. "Que me conste, o Brasil é comandado pelo presidente Lula, e não pelos ruralistas. Alias, se tivesse sendo comandado pelos ruralistas, não ia ter Bolsa Família, ia ter Bolsa Latifundiário", rebateu Minc.
Depois da troca de insultos, Minc chegou a divulgar nota oficial para afirmar que não teve a intenção de insultar a bancada ruralista. "Não mencionei qualquer nome, não ofendi qualquer pessoa. Alertei sobre o risco de manipulação da agricultura familiar pelos grandes com o objetivo de usá-los como massa de manobra contra as proteções ambientais", diz Minc na nota.
O ministro, porém, disse que vai procurar a CNA para tentar entrar em um acordo, mas ressaltou que a agricultura familiar terá maiores benefícios.
Assista parte do discurso do Ministro do Meio Ambiente durante a manifestação "Grito da Terra":
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, Último Segundo, Portal Exame e G1, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
Antonio Luis B.de Lima Dias
Mococa - São Paulo - Consultoria/extensão rural
postado em 03/06/2009
Momento de parabenizar a senadora Kátia Abreu pela rápida resposta ao ministro.
É hora de todos os sindicatos e entidades de classe tomarem posição junto da senadora, para defender a posição dos agricultores.