Para chegar a essa conclusão, os cientistas compararam os IDH (Índices de Desenvolvimento Humano) de 286 municípios amazônicos em diferentes estágios de desmatamento, tendo como base o ano 2000. O IDH é uma metodologia desenvolvida pela ONU (Organização das Nações Unidas) para medir a qualidade de vida e inclui indicadores como renda, expectativa de vida e nível de educação.
Nos municípios que estão nos estágios iniciais do desmatamento, os pesquisadores encontraram índices de desenvolvimento humano próximos aos da média nacional e acima da média regional. Nos municípios com pouco ou nenhum desmatamento e nos municípios com taxas de desmatamentos superior a 60% da área, os índices de desenvolvimento são similares e baixos quando comparados à média nacional.
O resultado, argumenta o estudo, é que "em termos líquidos, pessoas em municípios que derrubaram suas florestas não estão melhores do que aqueles em municípios que não o fizeram." O argumento é sustentado por estatísticas que mostram não só a redução da produtividade da exploração da madeira, como também da agricultura e da pecuária - o que "provavelmente reflete a degradação em larga escala dos pastos pela perda de produtividade do solo ou alterações no uso das terras por conta de mudanças nas condições do comércio de terras".
Para os pesquisadores, o problema "provavelmente não tem uma solução única". Entre as medidas propostas, estão apoio a um uso melhor das áreas já desmatadas, restrições a novos desmatamentos e reflorestação de áreas degradadas, além de incentivos a atividades sustentáveis, como manejo florestal e pagamento por serviços ecológicos.
O estudo é assinado por pesquisadores do Instituto Superior Técnico de Portugal, do Imazon, do Centre d'Ecologie Fonctionnelle et Evolutive, da França, e das universidade britânicas de Cambridge, Imperial College London e de East Anglia e coordenado pela pesquisadora Ana Rodrigues, do Instituto Superior Técnico de Portugal. Um dos autores, o pesquisador Adalberto Veríssimo, do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), afirmou que o estudo "mostra claramente que desmatamento não compensa, que este modelo baseado na apropriação do patrimônio público não é o caminho nem para o Brasil nem para o mundo".
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse à BBC Brasil que o governo está fazendo a sua parte para quebrar o ciclo de expansão-colapso apontado pelo estudo. "O que faz sair do ciclo de degradação é injetar tecnologia, recursos e pagar (a população local) para fazer a coisa certa", disse Minc.
"No momento em que a MP 458 está dizendo que vai regularizar as terras de quem faz este jogo (de ocupação ilegal, exploração e novas ocupações), está dando um sinal claro de que as pessoas podem continuar ocupando que o governo em algum momento vai anistiá-la. Do jeito que ela está, ela vai criar condições concretas para que o processo continue na Amazônia", disse Veríssimo.
As informações são do jornal Folha de S.P e da BBC Brasil, resumidas e adaptadas pela equipe AgriPoint.
mauri deschamps
Belém - Pará - Empresário
postado em 12/06/2009
Muito boa essa idéia do Senhor Ministro Minc, sobre o pagamento de conservação da floresta.
Vamos aguardar e cobra-lo.