"Olá companheiros debatedores,
Antes de mais nada parabenizo o Daniel por estar sempre informando e atualizando os agentes da cadeia produtiva da ovinocaprinocultura no Brasil.
Contudo, tenho uma visão um pouco diferenciada dealguns debatedores. Sem dúvida alguma o "FRIGOMATO" ou abate clandestino é um grande desafio não só para os frigorificos de caprinos e ovinos como tambem é um caso de saúde pública e que deve ser fiscalizado pela vigilância sanitária dos municípios.
Penso que as importações de carne ovina do Mercosul, e em especial do Uruguai, no cenário atual não significa nenhum desafio, até porque o câmbio nesse momento nos favorece em relação ao preço pago ao produtor Uruguaio. E quanto aos preços pagos aos produtores brasileiros a questão ainda é muito complexa visto que, o rebanho brasileiro na sua maioria se concentra nas mãos do pequeno produtor, que possui um rebanho que não ultrapassa 70 matrizes.
Esta condição favorece a existência de intermediarios na compra e venda dessa matéria prima aos frigorificos, essa realidade é muito clara no norte e nordeste do Brasil. Penso que quando o Brasil se tornar exportador de caprinos e/ou ovinos é que teremos de fato os preços pagos alinhados aos preços do mercado internacional, em outras palavras, pagaremos aos produtores brasileiros preços compatíveis com os pagos pelos Uruguios, Australianos e a Nova Zelândia.
Cordeiros pesados e leves com um preços mais remunerador e animais capão ou velhos pela metade do preço do cordeiro.
Enquanto isto temos que melhorar a informação ao nosso consumidor final, que ainda consome caprino como ovino e vice versa.
E políticas pública que melhorem a produção deste pequeno produtor assim como reativar o sistema cooperativista nesta cadeia como forma de acelerar esse processo.
Ou então presenciar frigorificos pagando preços distorcidos da realidade, ou seja, remunerando animais de valor inferior pelo mesmo preço de animais superior e enfretando a falta de oferta no segundo semestre devido a falta de estruturação das produção. "
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Renato Mocellin Lopes
Guarapuava - Paraná - Produção de caprinos de corte
postado em 09/03/2009
Quando falamos em dificuldades na ovinocaprinocultura, automaticamente associamos o abate clandestino como entrave.
Deixando de lado a questão do certo ou errado, e implicações de ordem sanitária, atualmente, o abate clandestino não é vilão, é solução. A maioria dos projetos de criação de ovinos e caprinos acaba-se tornando "viável" (entenda-se redução de prejuízos) graças ao abate informal.
A estrutura frigorífica é praticamente inexistente, ou, ainda é muito amadora. Não existem projetos industriais sólidos que possamos contar na hora de vender a produção. Produzir o animal que o mercado quer é relativamente fácil. Comercializá-lo é difícil. Quando o produtor toma a iniciativa de ir atrás da comercialização e terceirizar o abate, as taxas cobradas são excessivamente caras, girando em torno de 10-20% do valor da carcaça, pela prestação de serviços de abate e entrega conforme as normas, sem acrescentarmos impostos.
A procura de animais abatidos na propriedade é maior do que nos pontos de venda. Não é raro encontrarmos criadores que tem escala de abate clandestino, por exemplo 2 ou 3 animais por semana, sem falar das festas de fim de ano. Talvez, o passo inicial seria aceitarmos que essa modalidade de abate, apesar de prática criminosa, é a principal forma de comercialização neste ramo e não existem perspectivas a longo prazo de revertemos esse quadro. Já que não vamos extinguir o abate clandestino, poderíamos pensar, talvez, em orientá-lo, ao invés de simplesmente fecharmos os olhos e dizermos que é proibido.