Na audiência, Cassel argumentou que, do ponto de vista econômico, o Censo Agropecuário de 2006 comprovou a eficiência da agricultura familiar, que responde atualmente pela maioria dos alimentos que abastecem o país, apesar de ocupar menos de 25% da área agricultável. Segundo dados do IBGE, a produção familiar lidera a produção de mandioca, feijão, leite, aves e suínos. Para além disso, disse Cassel, essa modelo de produção agrícola responde por 74,4% do pessoal ocupado no meio rural, o que significa mais de 12 milhões de trabalhadores.
Após a divulgação da pesquisa do Ibope, o ministro se pronunciou, rebatendo os dados apresentados. "Nunca os assentados tiveram tanto volume de crédito e de forma tão adequada à implantação dos assentamentos. Não temos nenhum problema relativo a isto", falou.
O presidente do Incra, Holf Rackbart, também comentou os resultados da pesquisa. "Os assentamentos produzem muito. Essa pesquisa, no meu entender, tem o objetivo de desqualificar a reforma agrária e, na minha opinião, não reflete uma amostra da realidade dos assentamentos da agricultura familiar no Brasil. São mais de um milhão de famílias que vivem. Só mil foram entrevistadas", concluiu.
Rackbart rebateu principalmente a conclusão da pesquisa de que 72,3% dos assentamentos avaliados não geram renda com a produção, dos quais 37% não produzem nada. "É totalmente equivocado pegar o dado de produção para questionar a reforma agrária porque estamos falando de um universo de pessoas excluídas", afirmou.
O presidente do Incra disse ainda que o governo está realizando um levantamento para identificar a produção nos assentamentos. O estudo deve ficar pronto até o fim do ano.
As informações são do Estado Online e do Globo Rural, adaptadas e resumidas pela Equipe AgriPoint.
Vitor Hugo Martinez Pereira
Carlos Barbosa - Rio Grande do Sul - Consultoria/extensão rural
postado em 14/10/2009
Dois aspectos a serem considerados:
01. de longa data a agricultura chamada empresarial é demonizada, no Brasil, embora contribua fortemente na irrigação dos cofres públicos na venda dos produtos, na internalização de dólares pela exportação e no pagamento de abusivos impostos embutidos nos insumos, e são mais visados pelas fiscalizações tributária, ambiental, trabalhista, etc. etc.
02. neste debate há um equívoco intencional em mostrar dados da agricultura familiar quando o questionamento é sobre a ¨contribuição¨ dos assentamentos, como se fosse o mesmo público. A sua importancia social, economica e na produção de alimentos é inquestionável, e isto é reconhecido pela sociedade brasileira, já os sem-terras tem frequentado mais as páginas policiais do que outras, embora tenham seu lugar no xadrez político-partidário.
Em resumo, registro meu protesto pela mistura deliberada de dados de produção da agricultura familiar e dos assentamentos feito pelo Ministro Cassel.