Em 2020 a emissão de gases-estufa do Brasil, na previsão do MMA, estaria em 2,7 bilhões de toneladas de CO2, mas ela ficaria em 1,7 bilhão, com a meta sugerida. Este volume é próximo às emissões de 1994, de 1,5 bilhão de toneladas. Segundo Minc, esta meta é mais avançada que a que vinha sendo discutida porque a anterior estabelecia para 2020 o mesmo nível de emissões que em 2005 - quando foram emitidas 2,2 bilhões de toneladas.
Para alcançar esta meta, o plano é reduzir em 20% as emissões produzidas pelo desmatamento da Amazônia, outros 10% com a redução no Cerrado, 3% nos centros urbanos e outros 7% com práticas agrícolas sugeridas pela Embrapa, segundo explicações dadas pelo ministro, ontem, em Brasília. A recomendação é combinar lavoura e pecuária numa mesma área de 11 milhões de hectares, recuperar 10% das áreas degradadas e adotar plantio direto para evitar o uso de defensivos agrícolas.
"São metas ousadas. Enquanto a Índia está dizendo que vai triplicar suas emissões e a China provavelmente irá dobrar as suas, o Brasil oferece reduzir 40% de suas emissões até 2020. O Brasil pode servir de ponte entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento na Conferência", disse Minc. O ministro mostrou dúvidas quanto ao sucesso da Conferência de Copenhague. "A ameaça de fracasso é real principalmente porque os países ricos não dizem quais são as suas metas de cortes de emissões", prosseguiu.
Na opinião de Marina Silva (PV-AC), ex-ministra do Meio Ambiente do governo Luiz Inácio Lula da Silva e pré-candidata à corrida presidencial de 2010, "é tímida a base da proposta que o Brasil deve levar para a conferência do clima de Copenhague, em dezembro".
"Não podemos nos limitar à redução das emissões apenas pela redução do desmatamento", disse ela ontem à tarde, em Washington, em encontro com jornalistas brasileiros, respondendo a uma pergunta da Folha. "Deve-se ter uma meta global, que seja para o desmatamento, para energia e para agricultura, para todos os setores."
Para a senadora, no entanto, há condições objetivas para chegar à meta global, mas esta ainda precisa ser definida. "Hoje, o grande desafio para o Ministério do Meio Ambiente é poder chegarmos a Copenhague com uma meta global, não apenas por desmatamento", disse Marina, que está em Washington a convite do Brazil Institute do Wilson Center para debater a preparação para a reunião de dezembro.
A senadora concordou que há uma reação comandada pelo chamado "grupo desenvolvimentista" do governo brasileiro, que defende que aparas ambientais podem diminuir o ritmo de crescimento econômico brasileiro num momento em que o país não pode abrir mão dele. "Obviamente, há uma visão mais refratária a essa ideia de uma meta global, mas ela encontra apoio forte na opinião pública nacional", disse ela.
"O desafio no Brasil será integrar as duas coisas, ambiente e desenvolvimento", disse. Para isso, defende ela, será preciso mudar a forma de consumir e produzir. "Um compromisso de longo prazo tem de ser assumido por diferentes governos, quem não fizer isso está sendo contrário aos interesses do país e lá na frente vai pagar caríssimo, porque o carbono vai passar a ser precificado".
As informações são do Valor Econômico e da Folha de S. Paulo, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
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