Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário, a compra de terras por estrangeiros é um tema que preocupa todos os países da América Latina e todos os países em desenvolvimento. "Não é um problema só do Brasil, é um problema de todo o bloco. Ter garantias sobre seu território é um assunto de segurança nacional, de soberania. Em segundo lugar, é um tema de segurança alimentar. Não podemos permitir que as terras brasileiras sejam ocupadas sem estarmos preocupados com a segurança alimentar do País. Temos um território muito vasto, muito rico, e temos que ter controle sobre ele", disse Cassel, durante a reunião.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tinha presença prevista no evento, não compareceu. A preocupação a respeito da aquisição de áreas de cultivo por estrangeiros foi manifestada também pelo representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para América Latina e Caribe, José Graziano da Silva. "A compra de terras por estrangeiros impõe um desafio adicional", disse Graziano, lembrando outros obstáculos a serem enfrentados principalmente pela agricultura familiar de toda a região, como a reforma agrária.
Para o ministro do Desenvolvimento Agrário, há riscos para o País quando uma empresa estrangeira domina um vasto território e "não tem compromisso com a produção de alimentos", com possibilidade de efeitos nocivos para população do campo e da cidade. "Isso pode acarretar aumento nos preços dos alimentos. É isso que a gente não quer", declarou.
Cassel disse que, recentemente, foram adotados mecanismos para controlar o domínio de terras por grupos estrangeiros, mas destacou que é preciso manter atenção sobre essa tendência. "Hoje temos vários mecanismos de controle, de tamanho de território no município, no Estado. E cada país está adequando sua legislação a essa nova realidade", afirmou.
Segundo o ministro, essa movimentação na compra de terras tem ligação com a demanda global futura. "Até 2025, o mundo vai precisar produzir 70% mais alimentos para garantir segurança alimentar para todo o planeta. Isso significa que vamos ter que aumentar a produção e a produtividade. Por isso está se especulando tanto com terra. E o Brasil tem muita terra. Por isso é importante termos um controle rigoroso sobre a malha fundiária brasileira, para a gente continuar produzindo cada vez mais e tirar vantagem dessa situação", considerou. "O mundo está observando a nossa região como uma fonte de alimentos para todo o planeta", concordou o ministro de Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina, Julián Domínguez.
Sobre a revisão dos índices de produtividade, Cassel disse ser "um tema que está atrasado". "É uma obrigação do governo reajustar os índices de produtividade, já deveríamos ter reajustado. Acho que pode ser feito agora no fim do governo como pode ser feito no início do mandato da presidente Dilma (Rousseff). Só espero que seja feito rapidamente", disse. Cassel disse que conversou sobre o assunto com a presidente ainda durante a campanha, mas não depois da eleição.
Durante a reunião, foram assinados diversos acordos de cooperação do Brasil com outros países. Cassel destacou a criação do fundo de apoio à agricultura familiar no Mercosul. "Esse fundo vai chegar a R$ 100 milhões, para estimular a agricultura familiar em todos esses países", disse o ministro. Cada governo terá sua parcela de financiamento dentro desse projeto, explicou. "Também vamos tentar criar uma rede na qual, em situações de emergência, um país poderá trabalhar junto a outro para enfrentar problemas de segurança alimentar a partir de compras da agricultura familiar", destacou Cassel. Critérios de identificação do que é agricultura familiar, seguro agrícola e crédito foram outros temas debatidos por representantes dos diversos países, disse o ministro.
A reportagem é da Agência Estado, adaptada pela Equipe AgriPoint.
Thiago Afonso de Oliveira
Uberaba - Minas Gerais - Planejamento Agroindustrial
postado em 21/11/2010
Se nada for feito, estaremos ´importando´ alimentos cultivados em terras brasileiras, além do que uma parcela pequena da renda gerada vai ser utilizada aqui no país, uma vez que os lucros certamente irão ser distribuidos nos países de origem.
O Brasil não pode ficar parado e esperar que a situação se agrave para tomar alguma providencia.
Senhores (autoridades, produtores, comunidade brasileira) não vamos deixar que ocorra o NEOCOLONIALISMO, afinal, já nos tiraram tanta riqueza no passado.. o Brasil é nosso!
Abraço.