Os produtores estão nervosos porque, além das multas, o decreto assinado pelo presidente Lula no dia 22 de julho, que regulamenta partes da Lei de Crimes Ambientais, prevê até o confisco do produto e do rebanho dos infratores. "Não se pode dispor de produto de crime ambiental", justifica Minc.
Para a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), no entanto, a ação do Ministério do Meio Ambiente põe em risco nada menos que 76% da produção nacional de arroz e o emprego de 150 mil trabalhadores rurais, só no Rio Grande do Sul.
A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul alega que há 105 anos os gaúchos cultivam arroz em áreas de várzea, ao mesmo tempo em que o presidente da Federação da Agricultura do Espírito Santo, Júlio Rocha, protesta contra a ameaça de sanção aos cafeicultores capixabas. "Com esse decreto, nossa produção de café de montanha fica totalmente inviabilizada", diz Rocha. O ministro admite que o "chororô é válido", mas garante que o decreto não inovou em nada. Apenas tratou de pontos em que, a seu ver, a lei era omissa.
"Para variar, os impactados dizem que o decreto é o fim do mundo. Não é", contesta Minc. Para ele, os 154 artigos podem ser resumidos em um: "cumpra-se a lei". Minc explica que o objetivo do decreto é exatamente forçar o cumprimento da Lei de Crimes Ambientais, que tem dez anos e é ignorada. "Quando a gente força a barra para cumprir a lei, dizem que vai parar a produção", lamenta. Segundo ele, o "ponto central" é outro: "A questão é que apenas 5% das multas aplicadas são pagas por conta dos intermináveis recursos."
Minc faz questão de repetir que "ninguém vai tirar o café do Espírito Santo", mas diz que a solução passa por um "ajustamento de conduta" e cobra das entidades do setor que façam sua parte. "Em vez de apavorar o pequeno produtor, as federações de agricultores devem reflorestar as margens de rios para compensar uso de encostas. Essa é a política do ministério."
Kátia Abreu diz que, levado ao pé da letra, o decreto editado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva obriga o produtor paulista a recompor o plantio de 3,7 milhões de hectares. É que, hoje, São Paulo possui 0,7% de reserva legal em média, quando a lei estabelece o patamar mínimo de 20%. Nas contas da senadora, o custo total do replantio nas propriedades rurais paulistas será de no mínimo R$ 15 bilhões, podendo bater na casa dos R$ 37 bilhões, dependendo das características do terreno e do tipo de projeto a ser implementado. "Tudo isso terá que sair do bolso do produtor paulista, mesmo que ele já tenha adquirido a propriedade desmatada", diz.
Nesse caso, o ministro argumenta que os agricultores terão prazo de 20 anos para recompor a área, além de facilidades garantidas pelo governo. "Aprovamos crédito especial de R$ 1 bilhão com juros de 2% ao ano para recompor essas áreas", replica Minc.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
DIRCEU REMOR
Rio Maria - Pará - Produção de gado de corte
postado em 18/08/2008
A pecuária de corte na Amazônia Legal e agricultura em geral fica inviável para qualquer tipo de investimento no setor. O decreto penaliza duramente a Amazônia com 80% de reserva legal. Lembramos que quando da colonização do território nas décadas de 70 e 80, o governo brasileiro incentivava a ocupação da Amazônia com grandes projetos de investimento, sendo que na época a reserva legal era de 50%.