A reforma das normas do chamado Riispoa (Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal), em vigor desde 1952, transformará em decreto presidencial o que era antes, uma circular interna do Ministério da Agricultura. A alteração instituirá o regime especial de fiscalização, obrigando empresas sob suspeita de fraudes a corrigirem problemas antes de voltarem a comercializar sua produção.
Em consulta pública desde julho de 2008, o novo regulamento recebeu mais de 3,6 mil sugestões de 180 empresas e associações de classe. Mas as alterações propostas aos 748 artigos do Riispoa têm desagradado a alguns setores da indústria de alimentos. A razão é que o regime especial de fiscalização prevê suspensão das vendas, retenção de estoques e exigirá novas análises laboratoriais dos produtos. Pelas regras, a empresa terá, ainda, que rever seu programa interno de controle de qualidade e submetê-lo à auditoria de fiscais federais. O governo avalia que essas sanções terão um efeito mais prático sobre as empresas do que multas.
"Pode ter alguma discordância de empresas que se sentem prejudicadas, mas temos a concordância da Anvisa e dos ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Justiça", diz o secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz. O regime especial é adotado "somente quando interfere na saúde pública ou lesa o consumidor", diz o secretário.
O novo regulamento também deve reduzir a burocracia na análise de rótulos dos produtos. Hoje, o Ministério da Agricultura avalia mais de 60 mil rótulos por ano. Cada unidade industrial é obrigada a submeter os rótulos, ainda que sejam iguais, à aprovação do SIF. Pela nova regra, será exigida apenas a descrição de processo, procedimentos, matérias-primas e ingredientes usados na fabricação do produto. Mas se uma auditoria detectar diferenças entre a declaração e a composição dos alimentos, a empresa entrará no regime especial de fiscalização e só sairá depois da devida adequação.
O novo Riispoa prevê, ainda, a retirada gradual de fiscais federais e agentes de inspeção das indústrias. A fiscalização passará a ser feita por meio de blitz em instalações, equipamentos, processos de higiene, rótulos, matérias-primas, ingredientes, classificação, análises laboratoriais, trânsito e certificação.
O diretor-executivo da Associação Brasileira do Leite Longa Vida (ABLV), Nilson Muniz, diz que o setor concorda com a decisão de retirar os fiscais das indústrias. "Com o sistema de auditoria, há ganho de produtividade e se consegue fiscalizar melhor", afirma. A mudança na rotulagem também foi considerada positiva. "Perdia-se muito tempo com a aprovação da rotulagem, por isso pedimos a desburocratização. Vai facilitar enormemente".
A matéria é de Mauro Zanatta e Alda do Amaral Rocha, publicada no jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
Fernando Melgaço
Goiânia - Goiás - Mídia especializada/imprensa
postado em 07/04/2010
Muito oportuno,a revisão do velho RIISPOA,principalmente no que tange ao regime especial de fiscalização.Não se pode permitir de maneira alguma que as empresas processadoras de alimentos continuem fraudando.E o que é pior:após dectar as fraudes,coninuem vendendo seus produtos.
Faz-se necessário ainda,que se fiscalize bem as matérias primas antes de se processarem os alimentos,como o que acontece hoje,com o leite,por exemplo.Quando se analisa o produto no laboratório oficial,o leite fraudado já está no comércio,sendo consumido por nós.Isto é um absurdo e não pode mais continuar.
Atenciosamente,
Fernando Melgaço.