O exercício de 2009/10 marcou níveis de extração muito elevados (abates nos estabelecimentos + abates industriais + exportação em pé - algo em torno de 3 milhões de cabeças). Já em 2010, o cenário mudou radicalmente em matéria de extração, com uma redução anual estimada em mais de 40%. Os abates industriais fecharam em torno de 1,25 milhão de cabeças, 880 mil cabeças a menos que em 2009 (-41%) e o nível mais baixo desde 2005.
Este ano praticamente não houve exportações em pé, devido aos elevados preços da carne no mercado internacional (frente às 125 mil cabeças embarcadas em 2009). A retenção de ventres e de cordeiras explica em boa parte o forte decréscimo nos níveis de extração, somada a níveis elevados de mortandade e demora na terminação de cordeiros retidos por parte dos produtores.
O volume de lã produzido está estreitamente relacionado à evolução do estoque e as previsões preliminares para 2010 (30 milhões de quilos), 15% a menos que em 2009. De qualquer forma, a indústria laneira aumentará os volumes exportados a partir da utilização dos estoques anteriores e do aumento na importação de matéria-prima. Os dados proporcionados pela Câmara Mercantil de Produtos do País citam um fechamento da safra comercial de 2009/10 com um volume exportado de 40,8 milhões de quilos equivalentes de lã base limpa, 12% a mais que na safra anterior.
No caso da carne, a redução é mais pronunciada e o ano fechará com uma produção industrial em torno de 21 mil toneladas peso carcaça, 40% a menos que as 35 mil toneladas do ano anterior. O peso médio da carcaça produzida pela espécie ovina (média ponderada das diferentes categorias) se mantém igual ao do ano passado (16,5 quilos), de forma que toda a redução se explica pela pronunciada baixa nos níveis de abates.
O valor médio da carne ovina no mercado de exportação chega a US$ 3.890 por tonelada peso carcaça, o que significa 54% a mais que a média do ano passado. Esse fato determina que, apesar de ter tido importantes quedas nos volumes exportados, os valores gerados se mantêm em níveis similares aos de 2009.
Ao finalizar o ano de 2010, as vendas de carne ovina teriam geraram US$ 78 milhões, o que representa 5% a menos que os US$ 83 milhões de 2009. A demanda internacional, liderada em 2010 pelo Brasil, marcou a pauta dos preços no mercado interno, potencializada durante muitos meses pela oferta muito reduzida de animais para abate.
Os preços em alta se mantiveram durante todo o ano, alcançando um máximo em meados de outubro, com referências de US$ 5,5 por quilo para cordeiros e US$ 5 por capões e ovelhas. Com o aparecimento de oferta no fim do ano, os preços se rearranjaram em níveis de US$ 4 para os cordeiros pesados.
No caso da lã, o mercado australiano mostrou aumentos significativos este ano, que foram repassados ao mercado interno e aos preços de exportação. Com relação aos tops (lã lavada e cardada), principal produto de exportação, o preço médio chega esse ano a US$ 5,6 por quilo, 28% a mais que a média de 2009 (US$ 4,3 por quilo).
Apesar de a safra de lã ter sido menor em 2010, mais lã processada e melhores preços geraram maiores valores do que os obtidos em 2009. Considerando as lãs sujas, lavadas e cardadas, as exportações até 15 de dezembro superaram os US$ 200 milhões, de acordo com dados do Urunet, 27% a mais que no mesmo período do ano anterior.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
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